Postado dia 14/01/24 | 5min. de leitura
Belmonte na Bahia: Mogiquiçaba e muito mais
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Com aproximadamente mil quilômetros de extensão, o litoral baiano é vasto, diversificado em termos de paisagens, mas também em história e cultura. Daria para passar uma vida inteira viajando por ele e a cada ano descobrir novos elementos fascinantes.
O litoral do extremo sul baiano tem uma peculiaridade histórica, já que foi nessa região que os portugueses aportaram pela primeira vez, e por isso hoje em dia é conhecido como Costa do Descobrimento. Mas a ferocidade dos indígenas, principalmente dos terríveis botocudos, é que foi determinante, fazendo com que a sociedade originada pelos portugueses levasse mais de 300 anos para de fato prosperar na região.
A cidade de Belmonte está na transição entre o litoral sul e o extremo sul baiano, entre a zona do cacau liderada por Ilhéus e a zona da grande extração de madeira, às margens do rio Jequitinhonha que lá encontra sua foz, uma terra de barões e coronéis, mas também de praias exóticas e lindas como Mogiquiçaba.
Um pouco da história de Belmonte - Bahia
O que fazer em Belmonte
Centro histórico
Praia do Mar Moreno
Praia da Caieira
Povoado de Mogiquiçaba
Atrações próximas
Como chegar
Um pouco da história de Belmonte - Bahia
A Belmonte original é a cidade portuguesa onde Pedro Álvares Cabral e a Belmonte baiana foi batizada em homenagem a ela. A palavra Jequitinhonha, no dialeto dos maxacalis, povo do tronco linguístico macro-jê que vivia na região antes da chegada dos portugueses, significa “rio largo e cheio de peixes”.
A partir de 1553, os bandeirantes passaram a adentrar no continente pelo rio Jequitinhonha em busca ouro, prata e outros minérios preciosos, mas também utilizavam dessas entradas e bandeiras para lutar, conquistar, matar e escravizar os povos originários.
O primeiro povoado surgiu de um aldeamento kamakan, sendo catequizado pelo padre jesuíta José de Araújo Ferraz. A este aldeamento deu-se o nome de São Pedro do Rio Grande, que em 1718 passou a Freguesia de Nossa Senhora da Madre de Deus, quando já havia presença de colonos vivendo mais ou menos pacificamente entre os religiosos e os aldeados. Por fim, tornou-se a vila do Jequitinhonha de Belmonte em 1764.
Ao longo da sua história, o rio Jequitinhonha teve grande importância, pois foi através dele e de outros grandes rios que os portugueses e seus descendentes adentraram no continente expandindo sua colonização pelos sertões. Além disso, era o rio que provia a pesca, a exploração do ouro e pedras preciosas no Alto Jequitinhonha, e já no séc. XIX, a lavoura de cacau.
E falando em cacau, Belmonte foi a terceira cidade baiana a desenvolver essa cultura, atrás de Canavieiras e Ilhéus. A partir de 1860, o cacau se tornou sua principal fonte econômica, chegando ao apogeu entre 1890 e 1930.
O que fazer em Belmonte
A cidade de Belmonte também é conhecida como “Capital do Guaiamum”, espécie de crustáceo semelhante ao caranguejo que existe em fartura na região, possui praias belíssimas e intocadas, a linda e diversificada natureza do rio Jequitinhonha e um centro histórico que remonta ao auge da lavoura cacaueira.
O Centro histórico
Na orla à margem do rio Jequitinhonha existiu um cais por onde entravam grandes embarcações que escoavam a produção do cacau, e lá ainda se encontram antigos armazéns onde o cacau era depositado em sacas para exportação.
A cidade ainda guarda casarões, alguns em ruínas, de arquitetura em estilos colonial e neogótico datados do final do séc. XIX e início do séc. XX, a exemplo do edifício do Sindicato Rural de Belmonte e do sobrado de três andares, construído em 1897, onde ainda se vê o brasão da Coroa Portuguesa.
Vale muito a pena visitar também a olaria da Dona Dagmar Oliveira, famosa artista local que ficou muito famosa por produzir os maiores vasos de cerâmica do mundo. Descendente de pataxó, é mãe de 19 filhos, 32 netos, 19 bisnetos e 10 tataranetos, como ela mesma diz, e sustentou toda a sua família através do barro.
O Farol de Belmonte é um importante monumento histórico, possui 35 metros de altura e alcance de 18 milhas náuticas. Foi encomendado em 1892 e instalado na praia, mas na década de 1940 houve um grande recuo do mar e hoje o farol se encontra afastado da praia e cercado por ruas e casas.
Praia do Mar Moreno
Situada a 1,5 km do centro da cidade, a praia do Mar Moreno é a mais agitada de Belmonte. É famosa por receber trios elétricos no carnaval, possui algumas barracas de praia e ondas fortes, sendo frequentada pelos surfistas da região. Mas ao caminhar no sentido sul, o agito dá lugar ao silêncio e pouca frequência de pessoas.
Praia da Caieira
Certamente é um dos lugares mais bonitos da cidade e uma área de preservação ambiental. No local encontra-se um belíssimo manguezal onde se vê guaiamuns, caranguejos, aratus vermelhos e vaza-marés em abundância, principalmente nos períodos de maré baixa.
O povoado de Mogiquiçaba
O pequeno povoado de Mogiquiçaba está 32 km ao sul de Belmonte e é um distrito da cidade. Sua praia é paradisíaca e guarda paisagens exóticas, principalmente pela presença do rio Preto que corre em paralelo e a poucos metros do mar.
O povoado de origem pesqueira é bem pequeno, mas possui a ótima Pizzaria Botocudo e o fantástico Restaurante Xauá, ambos liderados pelo Chef Gi Bittencourt.
O Restaurante Xauá é uma atração à parte, destacando-se pela gastronomia refinada e sua localização privilegiada e isolada, cercado por uma área lindamente preservada do rio Mogiquiçaba e oferecendo uma prainha fluvial onde se alugam caiaques e pranchas de stand-up paddle. O acesso ao restaurante se dá por meio de um barco, que percorre o rio descortinando paisagens encantadoras.
A praia de Mogiquiçaba é belíssima, recheada de lindos coqueiros e local de desova de tartarugas marinhas, um lugar realmente muito especial!
Atrações próximas
Outro fator relevante é a proximidade de Belmonte com outros povoados, vilas e cidades de grande valor histórico e natural, a exemplo da maravilhosa praia de Guaiú.
Há também o povoado e a belíssima e selvagem praia de Santo Antônio, que fica um pouco depois de Guaiú.
Mais adiante é a vez da praia de Santo André, local de paisagem rara e também a foz do rio João de Tiba. O povoado de Santo André é distrito da cidade histórica Santa Cruz de Cabrália. E para finalizar a viagem, não deixe de conhecer Porto Seguro e suas infinitas possibilidades.
Como chegar
O aeroporto mais próximo é o de Porto Seguro e de lá até Belmonte são 55 km, passando por Santa Cruz de Cabrália e atravessando o rio João de Tiba em uma balsa (pessoas e automóveis). Outra opção é seguir pela BR-101, passando por Itapebi, Barrolândia, num total de 59 km até Belmonte.
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