Postado dia 24/08/23 | 8min. de leitura
Trekking do descobrimento: de Prado a Porto Seguro a pé
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De uns anos para cá, um trecho de aproximadamente 115 km de praias no extremo sul baiano vem se consolidando como um dos mais procurados trekkings litorâneos do Brasil. Isso se dá pela beleza das praias, mas também pelo interesse histórico, já que os primeiros eventos e contatos entre os tupiniquins e os navegadores portugueses em 1500 se deram nessa região.
O famoso Trekking do Descobrimento é uma trilha entre Prado e Porto Seguro, percorrendo as praias que remontam a rota do descobrimento português.
O que a História diz
À tardinha do dia 22 de abril de 1500 a esquadra de Pedro Álvares Cabral avistou um monte grande, alto e redondo, um litoral com muitos e grandes arvoredos. Ao monte alto o capitão-mor pôs o nome de “Monte Pascoal” e, à terra, “Terra de Vera Cruz”.
Na manhã seguinte, dia 23 de abril de 1500, avistaram 7 a 8 homens que andavam pela praia, e enviaram o capitão Nicolau Coelho com alguns homens remadores para conhecer a gente e verificar se a água do rio que lá havia era boa para beber.
Em terra, Nicolau Coelho presenteou os tupiniquins com barretes, carapuças de linho e sombreiros, recebendo em troca arcos, flechas, chapéus de penas de ave e colares de contas. Eram pardos, nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas. Eram belos, fortes e traziam arcos nas mãos e suas setas.
No dia seguinte, viajaram cerca de 10 léguas quando encontraram um recife com um porto dentro, haviam chegado no local onde hoje é Porto Seguro.
O texto acima está fundamentado na carta que Pero Vaz de Caminha escreveu a El-Rei D. Manuel. Pelos cálculos de conversão da légua marítima portuguesa do período das navegações em quilômetros, o primeiro desembarque e contato português com os tupiniquins se deu na praia onde está a foz do rio Cahy em Prado, local onde do mar de fora era possível avistar o Monte Pascoal.
Quantos dias para cobrir todo o percurso?
Isso vai depender do quanto você está preparado (a) para caminhar sob sol quente e em terreno que varia entre areia batida e fofa, a depender da praia e da maré. Em geral, costuma-se realizar o trekking em 10 dias de caminhada, o que dá uma média de 14 km por dia. Assim, ainda sobrará muito tempo em cada dia para desfrutar dos lugares visitados.
Como chegar ao ponto de partida: rodoviária de Prado
O aeroporto mais próximo é o de Porto Seguro e existem três formas de viajar de lá até Prado, o ponto de partida do trekking.
De ônibus
Você precisará se deslocar do aeroporto até a rodoviária de Porto Seguro, de onde sai o ônibus para a cidade de Prado, uma viagem de aproximadamente 3h30min.
De táxi ou Uber
O custo pode ficar bem mais alto, principalmente se você estiver sozinho. Sem dúvida é uma maneira muito mais cômoda para viajar até Prado e se você estiver em grupo, o preço ficará mais em conta.
Transfer
Com certeza adquirir um serviço de transfer com antecedência pode lhe fazer economizar energia e tempo. Ainda no aeroporto, um receptivo estará à sua espera, de onde partirá um automóvel climatizado e guiado por um motorista profissional direto para Prado.
Outra vantagem é que o transfer poderá te deixar na última praia urbanizada ao norte da cidade, assim evitará caminhar por ruas, economizando energia para o que realmente interessa. Para saber mais sobre o serviço de transfer entre o Aeroporto de Porto Seguro e a cidade de Prado, clique aqui e fale com um dos colaboradores da Central de Reservas da Bahia Terra Turismo!
Dicas de segurança para o Trekking do descobrimento
O Trekking do Descobrimento percorre longas praias de falésias, onde costumam acontecer desmoronamentos. Procure realizar as caminhadas sempre da meia maré para a maré baixa, ou o contrário, assim evitará caminhar muito próximo delas.
Outra dica muito importante é não acampar próximo das falésias, pela mesma razão já citada acima. Sempre há um caminho em alguma parte das praias que leva até o topo de uma falésia, local adequado para realizar um camping selvagem.
Quanto à travessia dos rios, procure realizá-las sempre com a maré baixa, alguns deles se transformam completamente na maré cheia, ampliando significativamente a correnteza e a profundidade.
Apesar de ser uma região teoricamente tranquila, procure acampar em campings ou se hospedar em pousadas. No caso de acampamentos selvagens, se informe antes com pessoas locais sobre seus planos, afinal, seguro “morreu de velho”.
Primeiro dia: Prado > praia da Paixão
São aproximadamente 10 km de trekking, a depender do seu ponto de partida em Prado. A praia da Paixão possui boa infraestrutura, com restaurantes e pousadas. Destaque para o Hotel Praia da Paixão, com ótimas acomodações, piscina, área verde, e que também disponibiliza uma bela área para o campismo.
Segundo dia: praia da Paixão > Cumuruxatiba
Esse trecho possui aproximadamente 16 km, passando pelas belas praias do Tororão, Japará Grande, Japará Mirim e Areia Preta. São quilômetros de praias desertas e repletas de lindas falésias, uma trilha realmente espetacular!
Cumuruxatiba é um pequeno vilarejo de pescadores, com boa infraestrutura de restaurantes e algumas pousadas. Destaque para a belíssima Pousada Areia Preta, que oferece estrutura diferenciada, mas há opções de pousadinhas mais baratas e campings também.
Terceiro dia: Cumuruxatiba > praia do Moreira
Um dia de caminhada relativamente curta, aproximadamente 6 km entre Cumuruxatiba e a praia do Moreira, que diga-se de passagem, é belíssima! Lá pelo km 5 existe uma grande falésia, e para passar por ela somente com a maré bem baixa. Caso não seja possível a passagem pela praia, procure algum ponto onde possa subir e caminhar sobre a falésia até que a geografia lhe ofereça passagem pela praia.
A trilha curta tem uma razão especial, a praia do Moreira é o lugar perfeito para um acampamento selvagem. Subindo em algum ponto do morro, é possível encontrar ótimos locais para acampar e com vista espetacular para o recorte das praias.
Quarto dia: praia do Moreira > Barra do Cahy
Mais um dia de caminhada curta e de aproximadamente 6 km, mas com razões especiais para isso. Lembra do começo do nosso artigo? Pois bem, foi exatamente neste local que Nicolau Coelho desembarcou pela primeira vez e se encontrou com dois tupiniquins, no dia 22 de abril de 1500.
No local, há um marco que simboliza a 1ª praia do Brasil, com a charmosa foz do rio Cahy para aproveitar. Além disso, há um ponto de apoio importante, o camping/restaurante da Glória.
Quinto dia: Barra do Cahy > Ponta do Corumbau
Se prepare para chegar num dos lugares mais bonitos da Bahia, um verdadeiro deleite após os 15 km que separam a Barra do Cahy da Ponta do Corumbau. O vilarejo é modesto, com poucas e simplórias pousadas e alguns bons restaurantes à beira-mar. Mas a Ponta do Corumbau em si é espetacular.
Trata-se de uma protuberância de areia projetada para dentro do Oceano Atlântico, que na maré baixa forma um braço de areia bem no meio do mar e cercado de águas cristalinas e recifes de corais. Procure pela Ilha do Sossego, uma pequena porção de terra em meio a manguezais, onde se pode acampar. Só não esqueça o repelente, é fundamental nesse ponto do trekking!
Sexto dia: Ponta do Corumbau > Caraíva
Logo no início da caminhada é preciso atravessar o rio Corumbau, sendo mais confortável na maré baixa. Mas não é difícil encontrar algum pescador realizando a travessia de barco, principalmente na alta temporada. A caminhada até Caraíva é de aproximadamente 13 km, e o local é um dos paraísos mais procurados e valorizados na Bahia atualmente.
Em função disso, se prepare para os altos custos, os preços em Caraíva estão entre os mais altos do litoral baiano. No caminho é possível visitar a Aldeia Barra Velha, onde vivem índios da etnia Pataxó.
Como já foi dito, os preços não são convidativos e encontrar um lugar para ficar não é muito fácil. Por isso, já indicamos aqui o Cacimba Hostel e Camping, uma boa opção de hospedagem em Caraíva!
Sétimo dia: Caraíva > praia do Espelho
Para iniciar o sétimo dia, é preciso atravessar o rio Caraíva e se você não estiver a fim de passar perrengue, pague pela travessia de barco, custa bem pouco e não te colocará em risco, nem aos seus equipamentos na mochila.
É um dos trechos mais recortados do trekking, recheado de falésias e mirantes, portanto, priorize a maré baixa. Em alguns momentos, como na Ponta da Juacema, será necessário subir o morro mesmo na maré baixa, e lá do alto há um mirante com vista espetacular! Passando a falésia, a trilha retorna até a praia seguindo até a famosa e belíssima praia do Espelho, totalizando 9 km.
A praia do Espelho é repleta de pousadas de alto padrão, e se você quiser dormir confortavelmente, terá que desembolsar. Mas é preciso reservar com antecedência, pois a procura é alta e as pousadas vivem lotadas. Para acampar selvagem e fugir dos altos custos, suba o mirante e se acomode onde achar pertinente, mas atenção com a vida selvagem.
Oitavo dia: praia do Espelho > Trancoso
A praia do Espelho é assim chamada pois em dias de sol e maré baixa, forma piscinas naturais de água cristalina, um escândalo de lindo. Assim sendo, foi eleita muitas vezes dentre as 10 praias mais bonitas do Brasil. Portanto, ao seguir viagem para Trancoso, não deixe de admirar a paisagem na maré baixa.
A trilha inicia passando pela linda praia do Amores, repleta de falésias e um recorte belíssimo. Mais adiante é preciso atravessar o rio dos Frades, onde a maré baixa é fundamental. Em seguida percorre-se toda a extensão da deserta praia de Itaquena, onde se pratica uma espécie de naturismo não oficializado.
A caminhada passa ainda pelas praias de Itapemirim, Patimirim, até chegar ao pequeno rio Trancoso, atravessando- e chegando à praia dos Nativos em Trancoso, onde funcionam alguns beach clubs. Daí é subir a trilha até o famoso quadrado jesuíta, onde está a histórica Igreja de São João Batista, erguida em 1656.
Trancoso é uma cidade cara, desenvolvida e com um turismo bem explorado. É muito importante que reserve alguma pousada com antecedência, de preferência mais próxima da praia, já que os 17 km percorridos até lá tornam este dia um dos mais cansativos do trekking.
Nono dia: Trancoso > Arraial D’ajuda
O nono dia começa caminhando até o rio da Barra e seguindo adiante até a praia das Tartarugas, onde inicia novamente a formação de belas falésias. A trilha passa ainda pelas praias de Taípe e Pitinga, com algumas opções de subidas para mirantes belíssimos.
Mais adiante chega-se à praia do Parracho, totalizando aproximadamente 10 km de caminhada até Arraial D’ajuda. Não é preciso falar que Arraial é um lugar hiper explorado pelo turismo, portanto, possui um mundo de opções de hospedagem, restaurantes e um centro repleto de lojas e boutiques famosas.
Quanto à sua hospedagem, há opções para todos os gostos, mas procure reservar algo mais próximo da praia, para que tenha mais comodidade após a caminhada.
Décimo dia: Arraial D’ajuda > Porto Seguro
O último trecho do trekking é o mais curto, uns 5 km apenas, e não deve ir até o final da praia, já que a balsa que atravessa o rio Buranhém fica antes. Procure dar uma olhadinha no mapa para saber exatamente onde deverá parar e atravessar pelas ruas da cidade até a balsa.
Já em Porto Seguro, a escolha é sua, se fica uns dias e explora a região ou segue diretamente para o aeroporto.
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