Postado dia 15/01/24 | 6min. de leitura
Caminhos do Sertão: tudo o que você precisa saber
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A Bahia é um estado formidável e possui muitas belezas naturais e culturais, além de caminhos de aventura pouco conhecidos ou inexplorados pelo turismo. Um exemplo disso são os Caminhos do Sertão Baiano, que ao longo da história se consolidaram entre as cidades de Feira de Santana, Alagoinhas, Serrinha, Ribeira do Pombal, Monte Santo, Tucano, Euclides da Cunha e Canudos.
Essas cidades do sertão baiano possuem além de muita história, belos atrativos naturais, gastronomia genuína e cultura que encanta pela simplicidade e originalidade. Vamos conhecer um pouquinho mais sobre elas?
Um pouco da história
Feira de Santana
Serrinha
Ribeira do Pombal
Monte Santo
Tucano
Euclides da Cunha
Canudos
O Blog da Bahia Terra Turismo
Um pouco da história dos Caminhos do Sertão
Os “Caminhos do Sertão Baiano” já existiam antes da chegada dos portugueses, sendo trilhas e picadas utilizadas pelos povos originários. Posteriormente com a colonização, os portugueses passaram a adentrar por esses caminhos na busca por ouro, prata e demais minerais preciosos, mas também pela expansão de suas terras inicialmente instaladas apenas na faixa litorânea.
Com exceção apenas de Feira de Santana, as demais cidades que citamos fizeram parte da expansão da Casa da Torre, uma dinastia iniciada por Garcia d’Ávila que chegou a dominar boa parte das terras nordestinas até o Maranhão.
Várias gerações dos d’Ávila realizaram entradas e bandeiras invadindo terras indígenas, matando e escravizando seus legítimos proprietários, instalando currais de gado e povoando, sendo por isso premiados pela Coroa Portuguesa com sesmarias que titulavam as terras em seu nome.
Assim surgiram as primeiras freguesias, vilas e posteriormente, cidades, fundadas na cultura patrimonialista do prestígio e dominadas pelo senhor. É da miscigenação inicial entre brancos e índios e posteriormente negros, que surge o povo sertanejo encourado, legiões de tropeiros que eram verdadeiros exércitos liderados pelos senhores, os famosos coronéis.
Feira de Santana
A cidade nasce da Fazenda Sant'Anna dos Olhos D'Água, do casal Domingos Barbosa de Araújo e Ana Brandoa, onde construíram uma capela dedicada a Nossa Senhora Sant'Anna em meados do séc. XVIII.
Em função da sua localização privilegiada, passou a ser ponto de referência para aqueles que trafegavam na região, desenvolvendo assim forte comércio de gado e se tornando o poderoso centro de negócios que a transformou na segunda maior cidade da Bahia.
Feira de Santana oferece muitas atrações, destacando a belíssima Igreja Senhor dos Passos, a Catedral Metropolitana de Santana e o Observatório Astronômico Antares.
Serrinha
Região originalmente habitada pelos Cariris, nasceu através da Estrada das Boiadas, por onde trafegavam os tropeiros que levavam gado para o litoral. A cidade é famosa pelas grandes festas de vaquejada e São João, regadas à musicalidade do forró, uma das suas maiores tradições.
Os eventos religiosos também levam milhares de romeiros para lá em períodos como a Semana Santa, onde acontece a Procissão do Fogaréu, um percurso realizado com tochas e leva até o Monte de Nossa Senhora de Santana.
Há também a belíssima Festa da Padroeira que acontece em julho, com novenário, missa e procissão que leva a imagem da padroeira pelas principais ruas e avenidas da cidade.
Ribeira do Pombal
Seu nome deriva de uma homenagem do vice-rei D. Marcos de Noronha e Brito a Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal. Com a expulsão dos jesuítas em 1758, o aldeamento de Santa Tereza de Jesus dos Kiriris da região deu lugar à vila de Pombal.
Da arquitetura colonial se agiganta seu mais famoso monumento, o Sobrado dos Britto. Construído no séc. XIX, o sobrado recebeu os cangaceiros de Lampião em 15 de setembro de 1928, dia em que Lampião solicitou um fotógrafo para a produção de uma foto épica da passagem do bando pela cidade, um registro histórico de grande relevância.
Destaque também para a Velha Cadeia construída em 1848 que concentrava presos perigosos no período do Cangaço, e para a antiga Igreja Matriz de Santa Teresa de Jesus, datada do final do séc. XVII.
Monte Santo
Mais uma cidade histórica do sertão baiano, Monte Santo era originalmente habitada pelos caimbés e posteriormente passou a fazer parte do grande morgado da Casa da Torre ainda no séc. XVI. Ainda foi palco das pregações de Antônio Conselheiro e também recebeu parte dos exércitos que destruíram o famoso Arraial de Canudos no final do séc. XIX.
Seu principal ponto turístico é o Conjunto Arquitetônico, Urbanístico, Natural e Paisagístico da Serra do Monte Santo. Trata-se de edificações tombadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN e possui monumentos de grande relevância como o Santuário de Monte Santo, a Via Sacra, a Capela de Santa Cruz e o Museu de Monte Santo.
Tucano
Tucano também é uma cidade histórica por onde andaram Antônio Conselheiro e Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião. Mas além da sua importância histórica e de monumentos relevantes como a Igreja Matriz de São Francisco de Assis, datada do séc. XIX, a cidade possui uma importante reserva natural.
O Parque Ecológico de Quererá é uma área de preservação ambiental rica em trilhas e linda diversidade de fauna e flora. Para quem está viajando pelo sertão, é parada obrigatória para caminhadas e observação de pássaros em meio à natureza.
Euclides da Cunha
A região onde hoje está situada a cidade de Euclides da Cunha era habitada por povos do tronco linguístico macro-jê, a exemplo dos caimbés, quando passou a ser integrada como parte da Casa da Torre da família d’Ávila.
Em 1639, os jesuítas fundaram a missão de Massacará, a primeira do semiárido brasileiro, hoje uma aldeia caimbé que preserva muito das tradições e também da história de sofrimento do seu povo ao longo da colonização. Maçacará fica na zona rural de Euclides da Cunha e preserva uma das igrejas mais antigas do sertão brasileiro, a Santíssima Trindade de Maçacará, datada do séc. XVII.
A cidade está ligada diretamente à guerra de Canudos e alguns pontos turísticos referenciam o episódio, como a casa onde se hospedou o major Moreira César e o painel de azulejos na praça Duque de Caxias que retrata a guerra. Seu nome é uma homenagem a Euclides da Cunha, famoso jornalista-escritor que esteve no local da guerra e registrou a saga de Antônio Conselheiro em seu livro “Os Sertões”, um clássico da literatura nacional.
Canudos
A história de Canudos é emblemática e para falar dessa cidade é necessário um mergulho nos acontecimentos que a tornaram tão famosa. Todo o seu turismo está em torno da famosa Guerra de Canudos, portanto, saiba mais sobre o assunto nas próximas linhas.
Um pouco da história de Canudos
Seu território também fez parte da expansão dos Garcia d’Ávila e nos arredores da Fazenda Canudos, que pertencia à Casa da Torre, os jesuítas fundaram uma missão chamada Canudos, em referência a uma planta típica da região denominada canudo-de-pito.
Após seu completo abandono em 1890, Antônio Conselheiro, que andava pregando por lá, escolheu o local e fundou o povoado de Belo Monte em 1893, atraindo milhares de pessoas entre sertanejos, escravos recém-libertos e indígenas. Era uma sociedade auto suficiente com roças e rebanhos coletivos e que chegou a ter 25 mil habitantes em seu auge.
O povoado se tornou uma ameaça aos coronéis, governos baiano e brasileiro, que iniciaram ataques em outubro de 1896. Nasceu assim a Guerra de Canudos. Foram 4 batalhas, as três primeiras vencidas pelo povo do arraial, mas a quarta e última incendiou e destruiu por completo a comunidade em 1897.
Em 1910, alguns sobreviventes fundaram outro povoado chamado segunda Canudos, no mesmo local de Belo Monte, mas Getúlio Vargas mandou construir um açude em 1940 e a barragem inundou a segunda Canudos. Restou apenas um pequeno vilarejo que não foi alagado, local hoje conhecido como Canudos Velho. Dizem que em épocas de seca é possível ver as ruínas da primeira Canudos.
Atrações em Canudos
Alguns monumentos e instituições preservam as memórias do Arraial de Canudos ou povoado de Belo Monte, bem como a guerra famosa que culminou em sua destruição.
Parque Estadual de Canudos - preserva alguns locais onde aconteceram batalhas da Guerra de Canudos, como o Alto do Mário, o Alto da Favela e a sede da Fazenda Velha, onde morreu o coronel Moreira César, o corta-cabeças, que tentou conquistar Canudos.
IPMC - Instituto Memorial de Canudos - preserva o Cruzeiro de Antônio Conselheiro coberto de balas da guerra, uma coleção de arte popular inspirada em Belo Monte e uma biblioteca sobre Canudos.
Memorial Antônio Conselheiro - mantido pela Universidade do Estado da Bahia - UNEB, guarda objetos encontrados em escavações arqueológicas, como roupas e máscaras usadas na produção do filme “A Guerra de Canudos”.
Museu Histórico de Canudos - guarda artefatos da Guerra de Canudos e outros objetos do período. Está localizado no povoado de Canudos Velho.
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