Postado dia 27/08/24 | 4min. de leitura
Casa do Olodum em Salvador: fique por dentro!
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A Casa do Olodum funciona como sede deste incrível grupo musical homônimo, possui uma loja com diversos produtos personalizados à venda, como camisas, chaveiros, bonecas, dentre outros, que fazem a alegria dos turistas e é uma excelente opção do que fazer em Salvador para vivenciar a cultura local.
Todavia, o espaço vai muito além da sua incrível musicalidade e se tornou uma referência na cidade no que diz respeito à preservação da cultura afrodescendente.
A Casa do Olodum
Localizada na Rua Maciel de Baixo, nº 22, Pelourinho, a Casa do Olodum é composta por três andares, sendo o térreo o pavimento onde se encontra a loja. A secretaria e o escritório da direção do Olodum estão no primeiro piso, e no segundo, funciona o auditório Nelson Mandela, que possui capacidade para 60 pessoas.
É lá que boa parte da movimentação militante do movimento negro soteropolitano acontece, um espaço que oferece palestras, cursos, seminários e também proporciona reuniões intelectuais e culturais.
Milhares de pessoas transitam pela Casa do Olodum anualmente e além de turistas, costuma ter a presença de estudantes, políticos, ministros, diplomatas, embaixadores e é claro, muitos artistas famosos do Brasil e do mundo, além de ONGs e lideranças mundiais que lutam contra o racismo. Quer saber sobre como tudo isso começou? Continue conosco!
A História do Olodum
Existem histórias marcantes em que o criador e a criatura se fundem de tal maneira que não se sabe ao certo quem originou quem. E esta é a história do Olodum, grupo musical surgido de um movimento cultural no coração de Salvador, o bairro do Pelourinho.
No princípio, era a musicalidade herdada dos africanos escravizados que destilavam sonoridades pelas ruas de Salvador, especialmente as do Pelourinho, parte do centro histórico da cidade.
E eis que surge a Escola Olodum de Tambores, que habilmente se utilizou do popular batuque e começou a fazer música afro-brasileira em 1979, atrelando a arte ao movimento de luta em favor da igualdade racial.
Da escola surgiu o Olodum como grupo musical, cuja forte sonoridade eclodiu posteriormente pelos quatro cantos do planeta. O sucesso foi tamanho que a Organização das Nações Unidas (ONU) lhes concedeu o título de Patrimônio Cultural Imaterial da Bahia.
E retornando ao primeiro parágrafo, é possível discernir quem criou quem entre o Olodum, sua musicalidade e a cultura que representa? Entendemos que são elementos genuínos de uma mesma origem, manifestos por vieses diferentes, mas parte de um mesmo pacote.
A Escola Olodum
O Projeto Rufar dos Tambores foi a primeira ação da Escola Olodum e isso se deu há mais de 40 anos. Com sede na Rua das Laranjeiras, nº 30, Pelourinho, a escola pioneira fundiu musicalidade, educação, com oportunidade, formação de talentos e lideranças pretas periféricas.
Através da música, vem gerando grande impacto na luta antirracista no Brasil, e sua expressão artística se dá por meio da musicalidade, da dança e do canto herdados dos tambores e batuques ancestrais das senzalas coloniais.
Quem der a sorte de ver os alunos da Escola Olodum tocando seus tambores nas ruas do Pelourinho, certamente se emocionará com a força dessa gente, manifesta em canções tão lindas em meio à pesada e triunfante musicalidade percussiva.
Projeto educacional e a Série Olodum Griô
Mais de 50 mil crianças e adolescentes já passaram pela Escola Olodum, sendo a mesma vinculada a outra instituição de grande envergadura, o Bloco Afro Olodum. Atualmente, atende aproximadamente 300 alunos, entre crianças e jovens que vivem em bairros periféricos de Salvador e que sofrem de vulnerabilidade social.
A proposta educacional consiste em uma grade curricular pluricultural com diversas linguagens como percussão, dança afro, coral, inclusão digital, cidadania étnico-cultural, e tudo isso através da produção de workshops, seminários, oficinas, a produção de um jornal e campanhas de mobilização social.
Com o surgimento da Lei federal 10.639/03 de 20 de dezembro de 1996, quando se tornou obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileiras nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio das redes pública e particular de todo o país, surgiu a necessidade de construir material didático para atender a este fim.
Assim nasceu a Série Olodum Griô com a participação efetiva da Escola Olodum, uma maneira de contar histórias acerca da participação dos negros na construção do Brasil. A Editora Olodum já publicou, portanto, diversos livros, sendo o primeiro deles “Revolta dos Búzios - uma história de igualdade no Brasil” de Maurício Pestana, “Por que resisti à prisão”, de Carlos Marighella, “Carnaval, cultura, negritude”, de Nelson Mendes, dentre outros.
Inscrição e seleção para a Escola Olodum
Anualmente a Escola Olodum abre inscrições para seleção de novos alunos, oferecendo cursos de Samba-reggae, Dança Afro, Canto e Guitarra, que são oferecidos gratuitamente. Os candidatos são crianças, adolescentes e jovens entre 07 e 21 anos, que precisam estar matriculados na rede pública de ensino.
Após um processo de seleção por meio de audição de aptidão para o curso escolhido, 330 alunos são matriculados entre os turnos matutino e vespertino.
Se você está turistando em Salvador e deseja realizar uma imersão mais profunda na cultura desta incrível cidade histórica, não deixe de visitar a Casa do Olodum. Assim, você fica por dentro de todos os seus projetos, realiza suas compras de produtos personalizados, curte a fantástica música e o swing baiano e sente a energia e essência desse povo maravilhoso.
O local onde está instalada a Casa do Olodum não poderia ser mais original, já que a mesma ocupa um casarão histórico magnífico no centro histórico, coração da primeira capital do Brasil. De uma coisa temos certeza: você precisará de um dia inteiro para explorar tudo isso e muito provavelmente queira retornar no dia seguinte para conhecer as outras dimensões desse lugar maravilhoso.
Aproveite sua visita à Casa do Olodum e conheça o Pelourinho de verdade, adentre em seus casarões históricos, em sua maioria são estabelecimentos comerciais como lojas e restaurantes que permitem o acesso. Visite os museus, conheça as igrejas seculares, enfim, aproveite sua viagem e leve consigo momentos memoráveis!