Igreja e Abadia de Nossa Senhora da Graça: conheça!

Além de ser um monumento histórico de rara beleza, a Igreja e Abadia de Nossa Senhora da Graça possui em sua história elementos que antecedem tanto a construção de Salvador, como a organização administrativa das Capitanias Hereditárias. E por isso é tão procurada por turistas, escolas e pesquisadores, sendo uma excelente opção do que fazer na cidade.

Neste artigo, você vai descobrir como a história da Igreja e Abadia de Nossa Senhora da Graça se entrelaça com a de dois personagens marcantes, considerados o primeiro casal genuinamente brasileiro. Vai saber como chegar ao local, explorar seus detalhes arquitetônicos e conferir informações úteis para planejar sua visita. Aproveite a leitura!

A origem da Igreja e Abadia de Nossa Senhora da Graça

A história tem início entre 1509 e 1511, quando Diogo Álvares Correia, mais conhecido como Caramuru, sobreviveu a um naufrágio nas águas do Rio Vermelho e por razões muito discutidas na historiografia, resistiu aos poderosos tupinambás. 

Além de não ser morto nem comido em um ritual antropofágico, Caramuru conquistou o coração de Guaibimpará, a filha do cacique Taparica.

Em dado momento, Caramuru e Guaibimpará viajaram para a França e lá se casaram, ocasião em que a tupinambá recebeu o célebre nome de Catarina Paraguaçu, mas essa é uma outra longa história. 

O fato é que o primeiro casal genuinamente brasileiro se instalou na região dos atuais bairros da Barra e da Graça, fundando um povoado que precedeu a organização política da colonização portuguesa. 

Reza a lenda cristã que Catarina Paraguaçu sonhou com uma mulher de branco pedindo socorro e solicitando que lhe construísse uma casa. 

Foi então que chegou ao povoado de Caramuru uma chalupa com espanhóis feridos, sobreviventes de um ataque tupinambá ocorrido nas imediações da Ilha de Boipeba.

Os relatos afirmavam que cerca de 90 tripulantes da nau castelhana Madre de Dios haviam sido mortos e deixados na praia do confronto.

Catarina Paraguaçu então pediu que seu marido fosse até lá, pois acreditava ser o local onde estaria a mulher misteriosa do seu sonho. 

Ao chegar, Caramuru resgatou 4 sobreviventes que estavam escondidos e encontrou uma imagem de Nossa Senhora armazenada em um caixote.

Ao retornar, mostrou seu achado para sua esposa, que teria reconhecido a imagem como sendo a mulher do seu sonho. 

Tal lenda teria motivado Catarina Paraguaçu a mandar construir, em 1535, uma capela de pedra e cal, a qual deu o nome de Igreja de Nossa Senhora da Graça.

A lenda icônica ficou conhecida como "Sonho de Catarina Paraguaçu”, e inspirou Manuel Lopes Rodrigues a pintar uma famosa tela em sua alusão, no ano de 1871. 

A Igreja e Abadia de Nossa Senhora da Graça em Salvador

A igreja está situada no bairro da Graça e era o centro da antiga Vila Velha fundada por Caramuru. A abadia possui dois pavimentos em torno de um claustro quadrado, sendo que a igreja ocupa seu lado esquerdo.

Os tetos da capela-mor e nave são de autoria de Manoel Lopes Rodrigues, incluindo o afresco “O Sonho de Catarina Paraguaçu”. Foram executados em 1881 em substituição aos anteriores de José Teófilo de Jesus, do final do séc. XVIII. 

Na sacristia existem duas telas de autores desconhecidos, sendo que uma delas narra vários episódios da vida de Diogo Álvares Correia “Caramuru”, desde o naufrágio até o seu embarque para a França.

Além do afresco no teto, há também o quadro de Manuel Lopes Rodrigues, intitulado de "O Sonho de Paraguassu", pintado no final do séc. XIX. A igreja ainda abriga várias peças de mobiliário antigo, entre as quais se destacam cadeiras produzidas no séc. XVII. 

A primitiva imagem de Nossa Senhora da Graça passou por transformações no começo deste século, perdendo a sua rusticidade e originalidade. A igreja ainda possui uma imagem de Nossa Senhora do Parto, do séc. XVII.

Como chegar na Igreja de Nossa Senhora da Graça

O bairro da Graça está próximo do Largo do Campo Grande de um lado, e do Corredor da Vitória e da Praia do Porto da Barra do outro. 

Ir até a Igreja da Graça de ônibus não é muito fácil, mas para quem gosta de caminhar, uma boa opção é chegar na Praia do Porto da Barra e subir a Ladeira da Barra caminhando até lá. Da mesma forma, há muitas opções de ônibus para o Campo Grande, sendo possível ir de lá até a igreja caminhando também.

Para um passeio mais cômodo e seguro, indico que contrate um transfer de uma agência confiável, que te buscará no hotel onde estiver hospedado.

Endereço e horário de missas

Atenção quanto aos dias e horários de funcionamento da igreja, para que não tenha a desagradável surpresa de encontrá-la fechada:

• Endereço da Igreja da Graça: Av. Princesa Leopoldina, nº 133, Graça, Salvador.

• Dias e horário de funcionamento: de segunda a sexta-feira, das 07:00 às 11:00 e das 14:00 às 17:00; sábado, das 07:00 às 17:20; domingo, das 08:00 às 19:00.

Atrações próximas da Igreja da Graça

Como já foi dito, a Igreja de Nossa Senhora da Graça está bem próxima das praias da Barra e seus inúmeros monumentos históricos e alguns dos cartões postais mais famosos da cidade, a exemplo do Farol da Barra.

Outro destaque está no belíssimo Corredor da Vitória, uma avenida completamente arborizada que vai revelando em seu percurso imponentes casarões coloniais e museus que ajudam a contar a história da cidade. 

Não posso deixar de citar a Igreja de Nossa Senhora da Vitória, que além de ser possivelmente a mais antiga de Salvador, ainda proporciona o espetacular mirante da Praça Félix Mendonça, também conhecido como Mirante da Vitória. 

Lá do alto, é possível admirar a belíssima vista do mar da Baía de Todos os Santos, o Yacht Club da Bahia e a Igreja de Santo Antônio da Barra.

Para os amantes de história, vale a pena colocar no GPS do celular a Fonte de Nossa Senhora da Graça, e ir até lá caminhando.

Segundo a tradição oral, Catarina Paraguaçu e Caramuru se banhavam nela nos primórdios do séc. XVI.

Se você curtiu este artigo sobre a Igreja e Abadia de Nossa Senhora da Graça, conheça agora 7 festas populares de Salvador, para que sua viagem à primeira capital do Brasil seja muito mais completa culturalmente!

Por Márcio Vasconcelos de O. Torres

Historiador e viajante - marciotorresbb@gmail.com