
Postado dia 10/07/25 | 7min. de leitura
Turismo comunitário: 5 experiências autênticas pelo Brasil
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O turismo comunitário é uma opção para aqueles que desejam vivências autênticas em suas viagens de turismo pelo Brasil, algo que está muito além da exploração e do consumo tão comuns no modelo tradicional.
Ele oportuniza relações mais aprofundadas nas comunidades visitadas, aprendendo com sua história e cultura, além de um contato mais íntimo com a natureza.
Pode-se dizer que o turismo de base comunitária engrandece a alma, proporcionando uma riqueza de conhecimentos e trocas de experiências muito necessárias nos dias atuais, ampliando a noção de respeito às diferenças e melhor, aprendendo com elas.

Neste artigo vamos conhecer algumas iniciativas no Brasil onde os visitantes podem obter experiências inesquecíveis, continue conosco!
1. Experiência de turismo comunitário no Uakari Lodge - Amazonas
Uma pousada flutuante localizada na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, chama a atenção do Brasil quanto ao quesito turismo de base comunitária. Fundada em 1998, o Uakari Lodge não têm fins lucrativos e é gerido pelas próprias comunidades locais em parceria com o Instituto Mamirauá.

O que o turista encontra lá? Certamente, muito mais do que o luxo e o requinte oferecidos pelos hotéis e pousadas padrão.
A começar pelo fato de toda a renda que entra no Uakari Lodge ser repartida entre as comunidades, mas também por proporcionar ao turista um contato íntimo com a biodiversidade da floresta amazônica.
Lembrando que a pousada e a Reserva são base para pesquisas de conservação ambiental, sendo referência também neste quesito.
O que fazer na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá
Começando pelos lindos bangalôs em madeira e instalados praticamente dentro d’água, que garantem conforto digno das mais lindas pousadas boutiques do país, os turistas são surpreendidos com uma gama de opções de lazer em meio à natureza.

Os passeios de canoa permitem a observação da fauna e flora bem de pertinho, proporcionando momentos únicos como o encontro com animais sagrados e raros, a exemplo do boto-cor-de-rosa, o macaco uacari e a onça pintada.
Nas trilhas pela floresta, além de se depararem com um mundo exótico e repleto de paisagens indescritíveis, os turistas são guiados por pesquisadores e levados a compreender a necessidade de conservação deste importante bioma. Há também a opção de uma trilha específica para observação de pássaros.
Em geral, os passeios acontecem dia e noite e se adequam a pacotes de 3 a 7 dias, onde se inclui também a visitação de comunidades ribeirinhas locais para o intercâmbio cultural.
2. Comunidades caiçaras da Ilha Bela - São Paulo
O Turismo de Base Comunitária de Castelhanos nasceu em 2017, e após todo um ciclo de oficinas, capacitações e elaboração de roteiros, abriu-se para receber turistas.

As ações acontecem por meio de uma parceria entre a Associação Castelhanos Vive e as comunidades da Baía de Castelhanos, e prima pelo turismo responsável, sustentável e solidário.
O sucesso do empreendimento gira em torno dos impactos positivos gerados para as comunidades caiçaras locais e pelas experiências autênticas oportunizadas por elas aos visitantes. Ou seja, os turistas são conduzidos pelos próprios caiçaras em roteiros que incluem natureza, tradições e saberes ancestrais de povos que lá vivem há mais de dois séculos.
O que fazer na Baía de Castelhanos
Por se tratar de comunidades caiçaras e insulares, as mais famosas atividades desta experiência de turismo comunitário são os passeios de barco e canoas esculpidas em um tronco só.
São diversos roteiros que levam a lugares paradisíacos como a Ilhota, mas também proporcionam o entendimento do cotidiano pesqueiro local.

Quanto às trilhas, elas levam até praias praticamente selvagens e cercadas por morros altos de mata atlântica, mas também a lindas cachoeiras.
Há ainda a opção de uma trilha histórica, que desvenda o processo colonial português e a formação das comunidades caiçaras. Nele, os turistas visitam ruínas de engenhos de açúcar, de uma antiga igreja e de um cemitério do tempo dos escravizados.
A Ilha Bela é escandalosamente linda, portanto, aprecie sem moderação!
Onde ficar
As hospedagens são autênticas e estão localizadas nos quintais dos caiçaras, havendo opções de campings, suítes e casas equipadas. Tudo muito simples, mas repleto de amor e amizade. Luxo mesmo só no banho, que é em chuveiro quente, e na internet, que é de alta velocidade.
3. Roteiro de turismo comunitário no Sertão Nordestino - Piauí
O roteiro faz parte de um programa macro do Instituto Novo Sertão, que há 8 anos desenvolve projetos em parceria com as comunidades rurais do semiárido nordestino, em busca de desenvolvimento e transformação social.

O turismo de experiência acontece na zona rural da cidade de Betânia, Piauí, e prima por gerar renda para as comunidades envolvidas, contribuindo para a transformação econômica dessa região no sertão.
O turismo de base comunitária é o alicerce do roteiro e tem as comunidades como protagonistas em todos os sentidos. Desde a alimentação, os guias, o artesanato comercializado, e a experiência de conviver e aprender com o povo sertanejo.
O roteiro tem a duração de 5 dias e oportuniza os turistas com uma vivência inesquecível, onde conhecem a cultura, a gastronomia e o modo de viver do povo sertanejo.
O agendamento pode ser feito em data a combinar, atendendo famílias, casais, grupos, tudo alinhado com o Instituto Novo Sertão.
4. Reserva Pataxó da Jaqueira - Porto Seguro
A Reserva da Jaqueira fica em Porto Seguro e é a prova viva da resistência do povo pataxó a todas as violências da colonização portuguesa e da neocolonização capitalista do séc. XX. Sua comunidade entendeu que o turismo comunitário é uma solução para as mudanças impostas pela modernidade, mas nem por isso perdeu suas raízes.

Os pataxós preservaram o idioma, a religiosidade ancestral e suas práticas tradicionais. É possível vivenciar tudo isso na Reserva da Jaqueira por meio do passeio bate e volta a partir de Porto Seguro. Ele serve como uma introdução sobre a vida e cotidiano pataxó e costuma encantar os visitantes.
Mas para quem deseja se aprofundar mais na cultura desse povo, vale muito a pena dormir por lá. A comunidade possui instalações onde recebem os turistas para vivências mais longas, com oportunidades de trilhas guiadas pela mata atlântica e o acompanhamento de diversas atividades tradicionais praticadas pelo povo pataxó.
Vale destacar também a grande exposição de artesanato, que diga-se de passagem, é belíssima e super variada.
5. Roteiros de turismo comunitário Rota da Liberdade - Recôncavo Baiano
Os roteiros Rota da Liberdade são organizados pelo Núcleo de Turismo Étnico Rota da Liberdade é formado por lideranças dos quilombos Kaonge, Dendê, Kalemba e Engenho da Ponte, que fazem parte da Zona Turística Baía do Iguape, na zona rural da cidade de Cachoeira.
São 4 roteiros oferecidos e que em conjunto proporcionam ao turista vivências únicas em meio à cultura ancestral e as riquezas naturais da região.
Roteiro dia a dia

Os turistas são recepcionados e guiados por uma sequência de atividades do cotidiano das comunidades.
A começar pela conversa com Griô (contação de histórias ancestrais) que remontam à história e desenvolvimento das comunidades quilombolas. Em seguida, visitam um terreiro de umbanda, participam da feitura de farinha artesanal, da feitura do azeite de dendê de pilão e da feitura de xarope com ervas medicinais.
Há ainda um bate-papo sobre a moeda local na forma de sururu, uma visita ao criatório de ostras, exibição do samba de roda e uma feirinha com produtos da localidade disponíveis para compra.
Todas essas atividades se concentram nos quilombos Kaonge e Dendê. O passeio dura aproximadamente 06 horas e acontece entre 09:00 e 15:00.
Roteiro Histórico
Este roteiro contempla uma vivência náutica pelo Rio Paraguaçu e suas belezas naturais, iniciando na comunidade de São Francisco do Paraguaçu, onde acontece a visita guiada às ruínas do antigo Convento de Santo Antônio do Paraguaçu.

Em seguida, os turistas embarcam para uma linda navegação até a comunidade de Santiago do Iguape, onde conhecem a Igreja Matriz de Santiago do Iguape, a camboa de pau, o cultivo de ostra e as histórias narradas sobre a comunidade.
De lá, navegam para a comunidade do Dendê, onde observam o trabalho dos ostreicultores (produtores de ostras), visitando a Capela de Santo Antônio e ouvindo a história da parteira mais famosa dos quilombos da região.
Por fim, o retorno ao quilombo Kaonge para degustar a gastronomia baiana no restaurante É d’Oxum, onde assistem ao maravilhoso e tradicionalíssimo samba de roda.
O roteiro dura aproximadamente 06 horas e acontece entre 09:00 e 15:00.
Roteiro Quilombos
Trata-se de um roteiro que oferece o encontro de saberes, fazeres e tradições das comunidades quilombolas da região. É a união dos dois roteiros mencionados anteriormente: dia a dia e histórico, acontecendo em 2 dias com pernoite.
A hospedagem acontece na própria comunidade quilombola e oportuniza uma vivência mais profunda com a cultura quilombola da região.
Rota Sustentável
O foco deste roteiro é acompanhar a prática integral da mariscagem nos manguezais. Para tanto, os turistas chegam à comunidade, vivenciam o dia a dia e lá mesmo realizam o pernoite.
No dia seguinte e bem cedinho, adentram no manguezal para mariscar, onde passam o dia. No final da tarde, degustam o tradicional escaldado de sururu.
Agora que você já conhece algumas ótimas opções de turismo comunitário pelo Brasil, conheça mais sobre a comunidade quilombola de São Francisco do Paraguaçu no Recôncavo Baiano, um lugar repleto de história, imponentes ruínas coloniais e rica cultura.
Por Márcio Vasconcelos de O. Torres
Historiador e viajante - marciotorresbb@gmail.com
