
Postado dia 01/11/25 | 5min. de leitura
Blocos Afros no Carnaval de Salvador: tradição e identidade
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Se você está planejando o que fazer em Salvador durante o verão, uma das experiências mais marcantes é vivenciar o Carnaval e conhecer de perto os blocos afros de Salvador. Mais do que desfiles cheios de cor e ritmo, eles representam uma poderosa manifestação de ancestralidade, resistência e orgulho do povo negro.
Esses blocos são verdadeiros símbolos da identidade cultural baiana. Suas músicas, figurinos e danças contam histórias de luta e celebração que transformaram o Carnaval de Salvador em um espetáculo único no mundo.

A origem dos blocos afros de Salvador
Os blocos afros surgiram na década de 1970 como uma resposta à exclusão da população negra dos circuitos tradicionais do Carnaval. Até então, a festa era marcada pela presença majoritária de trios elétricos e blocos elitizados.
Em 1974, no bairro do Curuzu, nascia o Ilê Aiyê, o primeiro bloco afro do Brasil, idealizado por Antonio Carlos dos Santos (Vovô) e outros líderes comunitários.
O Ilê Aiyê se tornou um marco por celebrar a negritude e valorizar a cultura africana em sua estética, música e discurso.
O sucesso do bloco inspirou o surgimento de outros grupos com a mesma proposta, como Olodum, Malê Debalê, Cortejo Afro, Muzenza e Araketu, cada um com sua identidade própria, mas unidos pela missão de enaltecer a herança africana na Bahia.
A importância histórica e social dos blocos afros

Os blocos afros do carnaval de Salvador não são apenas atrações festivas.
Eles nasceram como movimentos sociais e culturais que fortalecem a autoestima e a consciência racial da população negra.
Por meio da arte, esses blocos passaram a questionar o racismo, promovendo educação e gerando oportunidades em comunidades periféricas.
O Ilê Aiyê, por exemplo, mantém até hoje o Projeto Band’erê, que oferece oficinas culturais e de capacitação para jovens. Já o Olodum criou a Escola Olodum, referência em ensino musical e inclusão social.
Da mesma forma, o Malê Debalê, considerado o “Bloco Afro mais bonito da Bahia”, desenvolve projetos de dança, percussão e moda, reforçando a importância da arte como ferramenta de transformação.
Esses blocos também foram fundamentais na consolidação do afrobeat baiano, um estilo musical que mistura ritmos africanos com samba-reggae, ganhando reconhecimento internacional. Assim, os blocos afros de Salvador transcenderam o Carnaval, tornando-se um movimento de valorização da cultura afro-brasileira.
Os 6 principais blocos afros de Salvador
1. Ilê Aiyê
Fundado em 1974, o Ilê Aiyê é o mais antigo e o mais simbólico entre os blocos afros.
Seu desfile no bairro do Curuzu, no sábado de Carnaval, é um dos momentos mais emocionantes da festa.
O bloco preza pela valorização da identidade negra e mantém o lema “Que bloco é esse? Eu quero saber, é o mundo negro que viemos mostrar pra você”.
2. Olodum
O Olodum surgiu em 1979 no Pelourinho e se tornou conhecido mundialmente pelo seu som inconfundível e por parcerias com artistas como Michael Jackson e Paul Simon.

Além dos desfiles, o grupo realiza ensaios abertos durante o verão, que são uma das principais atrações para quem busca o que fazer em Salvador antes do Carnaval.
3. Malê Debalê
Tendo seu nome em homenagem aos escravizados muçulmanos que protagonizaram a Revolta dos Malês, o Malê Debalê foi criado em 1979 em Itapuã, e é conhecido por seu balé afro e por coreografias grandiosas.
O bloco representa a força, a beleza e a elegância do povo negro, desfilando com roupas coloridas e coreografias inspiradas nas tradições africanas.
4. Cortejo Afro
Fundado em 1998, o Cortejo Afro é uma fusão de arte, moda e música. Seus figurinos são verdadeiras obras de arte, e o bloco costuma desfilar no circuito Barra-Ondina, levando uma mistura de ritmos africanos e contemporâneos. O grupo também realiza ensaios muito procurados no bairro do Pelourinho.
5. Muzenza
O Muzenza, ou “Bloco do Reggae”, criado em 1981, é um dos blocos mais tradicionais e mantém a essência da percussão afro-baiana.
O grupo costuma desfilar no Circuito Campo Grande, e seus ensaios são um espetáculo à parte, atraindo tanto turistas quanto moradores locais.
6. Araketu
Nascido em 1980 no bairro de Periperi, o bloco Araketu combina a energia dos blocos afros com o som do trio elétrico.
Com músicas que se tornaram hits, como “Araketu é bom demais”, o bloco conquistou popularidade nacional e continua sendo uma das atrações mais animadas do Carnaval.
Onde assistir aos desfiles
Os blocos afros de Salvador se apresentam principalmente nos três grandes Circuitos do Carnaval:
● Circuito Osmar (Campo Grande) – tradicional, com forte presença dos blocos afros como Ilê Aiyê, Muzenza e Malê Debalê.
● Circuito Dodô (Barra-Ondina) – mais voltado para turistas, com desfiles do Cortejo Afro e do Araketu.
● Circuito Batatinha (Pelourinho) – ideal para quem prefere uma experiência mais cultural e próxima das origens, com apresentações de Olodum e outros grupos locais.
Os horários e dias de desfile podem variar a cada ano, mas, em geral, os blocos afros se apresentam entre sexta e terça-feira de Carnaval, com destaque para o desfile do Ilê Aiyê no sábado e o Olodum no domingo.
O impacto turístico e cultural

O Carnaval de Salvador atrai milhões de turistas todos os anos, e os blocos afros são parte essencial dessa experiência. Além de movimentar a economia local, eles ajudam a promover a cidade como um destino de cultura e diversidade.
Muitos visitantes viajam especialmente para assistir aos desfiles e participar dos ensaios abertos realizados nos meses que antecedem a festa.
Os blocos afros do carnaval de Salvador também têm grande influência na moda, na música e nas artes visuais. Suas cores, símbolos e expressões inspiram estilistas, músicos e artistas de todo o mundo. Em cada batida de tambor, há uma mensagem de resistência, orgulho e celebração da identidade negra.
Muito mais do que simples atrações carnavalescas, os blocos afros de Salvador representam manifestações vivas de história, cultura e ancestralidade. Eles traduzem o espírito de um povo que transforma a dor em arte e a luta em festa. Participar de seus desfiles é mergulhar em uma das expressões culturais mais autênticas e emocionantes do Brasil.
Se você quer conhecer de perto os blocos afros de Salvador, saiba mais sobre o Carnaval em Salvador em 2026 e descubra tudo o que a capital baiana prepara para a maior festa de rua do planeta.
