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Aratuípe: conheça a cidade das cerâmicas no Recôncavo Baiano

Postado dia 26/06/25 | 6min. de leitura

Aratuípe: conheça a cidade das cerâmicas no Recôncavo Baiano

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Falar sobre o Recôncavo Baiano é sempre emocionante e instigante, já que essa região da Bahia é um dos principais berços da cultura brasileira e cada cidade que o compõe é única, como você verá ao conhecer Aratuípe.

A principal característica de Aratuípe é a cerâmica, produzida especialmente em Maragogipinho, vilarejo que compõe sua municipalidade. Trata-se de uma arte milenar oriunda dos povos indígenas, que atravessou séculos da colonização portuguesa e tornou esta cidade reconhecida pela UNESCO. 

Nas próximas linhas falo sobre Aratuípe, o maior polo ceramista da América Latina, confira!

Aratuípe Bahia
Cidade de Aratuípe - Bahia

Um pouco da história de Aratuípe

Na segunda metade do séc. XVI, Paulo Argolo Menezes recebeu sesmarias da coroa portuguesa que compunham a área da atual Aratuípe, e lá fundou um aldeamento indígena denominado Santo Antônio. 

casa de farinha
Casa de Farinha - Aratuípe Bahia

Por se tratar de uma região assolada pelos bravos aimorés, ele solicitou da Casa da Torre de Garcia d’Ávila que lhe enviassem tupinambás cristianizados para a proteção da sua aldeia, já que os mesmos eram os inimigos naturais dos aimorés.

Tal proteção também favoreceu o engenho de açúcar de Fernão Cabral e vizinhança, de maneira que em 1587, os descendentes de Paulo Argolo Menezes puderam construir a Capela de Santo Antônio dos Índios, importante marco na formação do povoado. Junto a ela, foram erigidas também dependências para uma escola, além de morada para um pároco e um farmacêutico.

É bem provável que os africanos que lá chegaram para o trabalho escravo tenham aprendido as técnicas ceramistas dos indígenas da Aldeia de Santo Antônio dos Caboclos, sendo os descendentes dessa mistura étnica os que tornaram a produção da cerâmica de Aratuípe um grande marco de desenvolvimento econômico do povoado. 

Ruínas da Capela de Santo Antônio dos Índios
Capela de Santo Antônio dos Índios

Tal mestiçagem foi observada por D. Pedro II quando em visita a Aratuípe em 1859, quando afirmou em seu diário haverem 72 índios mestiçados no entorno da Capela de Santo Antônio e mil a dois mil habitantes no povoado.

As ruínas da Capela de Santo Antônio dos Índios estão situadas sobre um morro a 1 km da cidade, sendo o último remanescente da antiga aldeia de S. Antônio dos Caboclos, a origem do município de Aratuípe. Atualmente se subdivide em dois distritos: Maragogipinho e a sede Aratuípe.

Bibliografia

AZEVEDO, Paulo Ormindo de. IPAC-BA - Inventário de proteção do acervo cultural: monumentos e sítios do Recôncavo, II parte. Salvador: Secretaria da Indústria e Comércio da Bahia, 1982.

O que fazer em Aratuípe: confira 7 atrações imperdíveis

olaria aratuipe bahia
Antiga Olaria na cidade de Aratuípe, distrito de Maragogipinho

A cidade sede de Aratuípe possui ligação direta com a Baía de Todos os Santos através do Rio Aratuípe, afluente do majestoso Rio Jaguaripe, cuja foz se dá na grande baía. Já o seu distrito Maragogipinho é banhado pelo próprio Rio Jaguaripe. 

Assim, além de muita história, cultura e cerâmica, é possível realizar passeios em canoas ou pequenas embarcações a motor, desfrutando de cenários belíssimos e repletos de biodiversidade pelos manguezais. 

Confira suas principais atrações!

1. Ruínas da Capela de Santo Antônio dos Índios

Capela de Santo Antônio dos Índios em Aratuípe
Ruínas da Capela de Santo Antônio dos Índios - Aratuípe Bahia

Para quem curte a magia da história, começar pelas ruínas da capela que deu início ao povoamento português na região de Aratuípe é quase que obrigação. Ela fica bem próxima ao posto de gasolina São Jorge e pode ser acessada por uma caminhada curta pela estrada de barro e algumas trilhas bem definidas. 

Sua fachada ainda está de pé, bem como a sineira, as paredes laterais, o altar e algumas portadas. Um lugar inspirador que permite devaneios sobre os primórdios da colonização portuguesa na Bahia, especialmente a catequese dos indígenas que viviam na região.

  1. Igreja Matriz de Senhora Santana

Igreja Matriz de Senhora Santana
Igreja Matriz de Senhora Santana - Aratuípe Bahia

A Igreja Matriz de Senhora Santana está situada sobre uma pequena elevação na Praça Duque de Caxias. Foi construída em 1840, ano em que o povoado se tornou Freguesia, tendo a igreja como sede. Possui uma sepultura em seu interior datada de 1858, pertencente à D. Antônia Isabel Costa Imperial, esposa do Capitão João da Mata dos Santos. 

Sua planta é simples e com corredores laterais, mas de fachada composta por um frontão em rococó e uma torre arcaica. Dos sete altares primitivos, resta apenas o altar-mor em talha neoclássica. A igreja conserva imagens de Senhora Santana ensinando a Maria, do N. Sr. dos Martírios e de São Roque.

3. Passeio pelo Rio Aratuípe

Rio Aratuípe
Rio Aratuípe

O passeio é geralmente realizado em pequenas embarcações de pescadores locais e possibilita que os turistas se deslumbrem com as belezas dos manguezais e sua rica biodiversidade. 

Ao longo do percurso, é possível avistar aratus sobre as raízes das árvores do mangue, além de outros pequenos crustáceos e uma infinidade de aves exóticas típicas da região.

4. Olarias e lojas de cerâmica em Maragogipinho

Sem dúvida alguma, ir em Aratuípe e não conhecer Maragogipinho é como não ir em Aratuípe! O povoado reúne mais de 200 olarias tradicionalíssimas que produzem uma infinidade de belíssimas peças em cerâmica, destacando imagens sacras que estão nas principais exposições de arte popular do mundo.

olaria
Olaria em Aratuípe Bahia

Visitar as olarias é reconhecer que esse patrimônio imaterial é de grande valor, sendo possível observar a produção artística ao vivo. 

Vale lembrar que a cerâmica de Maragogipinho já foi estudada por inúmeras dissertações e teses de mestrado e doutorado, tendo contribuído grandiosamente para preservação da identidade histórica e cultural do Recôncavo Baiano.

Na praça principal do povoado estão diversas lojas que comercializam uma grande variedade de produtos e estilos de cerâmica, um verdadeiro paraíso para adquirir peças genuínas de decoração para o lar!

5. Igreja Matriz N. S. da Conceição em Maragogipinho

Igreja Matriz N. S. da Conceição
Igreja Matriz N. S. da Conceição em Maragogipinho

Não se sabe ao certo a data da sua construção, mas pela tipologia, é datada de meados do séc. XIX. A Igreja Matriz N. S. da Conceição está situada na parte superior da praça principal de Maragogipinho, a mesma onde estão as lojas de cerâmica.

Sua fachada está voltada para o pequeno porto do Rio Jaguaripe, onde antigamente os saveiros paravam para pegar talhas, panelas, jarros, moringas e caxixis, levando as mercadorias para o Porto de Salvador.

Um antigo coreto em ruínas se encontra em frente à igreja, que por sua vez guarda imagens de N. S. da Conceição, da Sra. Santana, de São Roque e São Gonçalo.

6. Praia do Garcez

praia do garcez bahia
Praia do Garcez no município vizinho de Aratuípe

Apesar da Praia do Garcez pertencer ao município vizinho de Jaguaripe, é importante salientar que ela está a aproximadamente 20 quilômetros de Aratuípe, sendo uma excelente opção de passeio para quem está visitando a cidade.

Trata-se de uma das praias mais bonitas da Bahia, com aproximadamente 15 quilômetros entre a Ponta do Garcez e a foz do Rio Jequiriçá. A maior parte da sua extensão é praticamente deserta, repleta de coqueirais e piscinas naturais de água cristalina. 

Mas chegando próximo à foz do Rio Jequiriçá, é possível encontrar boas opções de restaurantes e pousadas, infraestrutura ideal para um belo passeio em família!

7. Restaurante Visão do Manguezal em Maragogipinho

Restaurante Visão do Manguezal
Restaurante Visão do Manguezal - Maragogipinho

O tradicionalíssimo Restaurante Visão do Manguezal está localizado ao lado do píer de Maragogipinho e proporciona uma vista espetacular do Rio Jaguaripe. Seus mais de 20 anos de história o tornaram referência no Recôncavo quando o assunto é gastronomia baiana em panela de barro.

Muito natural, já que estamos na terra da cerâmica e também do marisco, combinação que oferece uma verdadeira explosão de sabores. Portanto, não deixe de apreciar uma das suas moquecas, destacando a de aratu, crustáceo abundante por lá!

Onde se hospedar em Aratuípe

Apesar de serem dois distritos pequeninos, tanto Aratuípe como Maragogipinho oferecem boas opções de hospedagem. A começar pela Pousada Ponto Chic em Maragogipinho, que oferece restaurante, ótimas acomodações climatizadas e uma vista do Rio Jaguaripe de tirar o fôlego.

A Pousada Mocambo é uma excelente opção em Aratuípe e está localizada na entrada da cidade, em frente ao trevo entre Aratuípe e Maragogipinho na rodovia BA-001. Possui ótima infraestrutura com quartos amplos e climatizados, além de um café da manhã super bem-conceituado.

Melhor época do ano para ir à Aratuípe

As estações chuvosas nessa região são o outono e o inverno, entre os meses de abril e setembro. O período ensolarado se dá entre a primavera e o verão, sendo os meses entre outubro e março ideais para quem busca dias de sol para curtir passeios embarcados pelos rios e em visita à Praia do Garcez.

Mas se tratando de passeio histórico e cultural, Aratuípe está de portas abertas nos 365 dias do ano!

Como chegar em Aratuípe

A distância entre Aratuípe e Salvador via Terminal Marítimo de São Joaquim é de apenas aproximadamente 86 quilômetros, sendo necessário atravessar a Baía de Todos os Santos pelo ferry boat e seguir até lá pela rodovia BA-001. 

A melhor opção para quem vai de ônibus é primeiro atravessar a Baía de Todos os Santos no ferry boat. Ao chegar no Terminal Marítimo Bom Despacho, basta pegar um ônibus para qualquer cidade do baixo-sul que passe por Nazaré e Aratuípe. 

A viagem acontece em ônibus das empresas Águia Branca e Cidade Sol, e dura aproximadamente 1h30. Outra alternativa é contratar um transfer, que costuma conduzir os turistas com muito mais conforto, agilidade e segurança.

Se você chegou até aqui e curtiu saber as principais informações a respeito de Aratuípe no Recôncavo Baiano, conheça também a cidade de Cachoeira, a mais famosa dessa linda, histórica e cultural região da Bahia!


Por Márcio Vasconcelos de O. Torres

Historiador e viajante - marciotorresbb@gmail.com


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