Postado dia 18/12/24 | 15min. de leitura
Recôncavo Baiano: 10 cidades históricas cheias de riqueza cultural
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Viajar pelo Recôncavo Baiano é uma experiência mágica, é como se teletransportar no tempo mergulhando em suas veredas e perscrutando a história social de um povo forte que resistiu bravamente às mazelas da escravidão. Mas não somente resistiu, já que apesar da condição de explorado, interviu de maneira significativa na construção da sociedade baiana.
A região guarda tesouros naturais, históricos e arquitetônicos que encantam, oferecendo roteiros magníficos e pouco explorados pelo grande turismo na Bahia. Assim, escrevo este artigo como um guia, com o propósito de orientar turistas e baianos a explorar 10 das mais importantes cidades do Recôncavo Baiano.
Por Márcio Vasconcelos de O. Torres
Historiador e viajante - marciotorresbb@gmail.com
Um pouco da história do Recôncavo Baiano
Difícil traduzir em poucas palavras uma história tão ampla, mas tentarei sintetizá-la, peneirando algumas breves informações que conduzam o leitor a um entendimento básico e geral sobre como se deu o processo da colonização portuguesa e a formação histórica do Recôncavo Baiano.
Antes da chegada do capitão português Gonçalo Coelho à Baía de Todos os Santos no dia 01 de novembro de 1501, ela era conhecida entre os tupinambás com o nome de Kirimurê, cuja tradução em tupi significa “grande mar interior”. Era habitada por tupinambás nas zonas costeiras e por diversos grupos indígenas pertencentes ao tronco linguístico macro-jê nas terras interioranas, posteriormente denominadas “sertões” pelos portugueses.
O primeiro marco da conquista portuguesa no Recôncavo Baiano foi o genocídio liderado por Mem de Sá a partir de 1558, quando este se tornou o Terceiro Governador Geral do Brasil.
Tais extermínios indígenas se deram nos arredores de Salvador, nos vales do Iguape e Paraguaçu e tinham por objetivo tomar as terras para construção de engenhos de açúcar, dentre eles, o Engenho de Sergipe do Conde, de sua propriedade e um dos maiores na Bahia do séc. XVI (TAVARES, 1974, p.89).
Os primeiros núcleos de povoamento aconteceram após a conquista do Paraguaçu, nas terras do Iguape e da Capitania do Recôncavo, onde foi implantada a indústria agro açucareira.
Foi nessa região que surgiram os engenhos mais antigos, como o já citado Engenho de Sergipe do Conde, o Engenho Nossa Senhora da Peña (Engenho Velho), o Engenho da Ponte, o Engenho da Ponta, o Engenho de São José do Embiara, o Engenho Acutinga, o de Nossa Senhora de Guadalupe, dentre outros (NASCIMENTO, 2019, p.25).
E foram exatamente os engenhos de açúcar que determinaram a configuração social do Recôncavo Baiano e da colonização portuguesa no Brasil, alicerçada pelas relações entre senhores e escravos.
A indústria açucareira definiu a política e a economia por meio de impostos, tarifas, ações governamentais, abastecimento de gêneros alimentícios, preços de escravos, tecnologias, comércio e, principalmente, o papel do Estado na manutenção dos interesses dos senhores e da Igreja dependente dos dízimos. Mas foram as condições de trabalho exigidas na grande lavoura do açúcar que definiram o contexto social e cotidiano da maior parte da população baiana (SCHWARTZ, 1988, p.95).
E para não incorrer no erro da visão plantationista, é importante dizer que o modelo senhorial também foi determinante além da produção do açúcar, com a utilização do trabalho escravo em uma agricultura que produziu muitos outros gêneros de grande importância.
São alguns exemplos diversos alimentos, fumo e a farinha de mandioca, por exemplo, sendo esta última de grande importância para a manutenção da indústria açucareira e de um pulsante mercado interno (BARICKMAN, 2003, p.27-46).
O fato é que a distinção entre o dominador e o escravizado promoveu significativas definições quanto aos padrões sociais, sendo suas consequências facilmente observadas até hoje no Recôncavo Baiano, com grande concentração de riqueza em poucas mãos e uma esmagadora população descendente de escravizados vivendo de maneira simplória.
Porém, tal dominação não se deu no campo cultural. Embora as práticas das culturas indígenas e africanas fossem reprimidas pelo colonizador português, tais heranças resistiram pela força e coragem de um povo que não se abateu diante das injustiças, buscando um meio de ganhar a vida e se adaptar ao cruel processo colonial.
Heranças que hoje inspiram dissertações e teses, teatro, romances, filmes e novelas, e se manifestam por meio de elementos culturais belíssimos.
Como não se encantar com as genuínas variações do samba de roda, com as belas festas religiosas repletas de sincretismo e poder, com a gastronomia peculiar repleta de magia, fé e espiritualidade, com a habilidade da pesca artesanal, da mariscagem, da produção de embarcações e navegação de cabotagem.
Como não se encantar, principalmente, com o jeito de ser manhoso, gentil, simplesmente arrebatador desse povo de grande sabedoria?
Referências
BARICKMAN, B. J. Um contraponto baiano: açúcar, fumo, mandioca e escravidão no Recôncavo, 1780-1860. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.
DO LAGO, Pedro Corrêa. Iconografia Baiana: na coleção de Flávia e Frank Abubakir. Rio de Janeiro: Capivara Editora, 2024.
NASCIMENTO, Luiz Cláudio. Povoamento e Formação Social de Cachoeira. Cachoeira: Produção independente, 2019.
SCHWARTZ, Stuart B. Segredos Internos: engenhos e escravos na sociedade colonial, 1550-1835. São Paulo: Companhia das Letras, 1988.
SPIX E MARTIUS. Viagem pelo Brasil (1817-1820). v. 2. Brasília: Senado federal, Conselho Editorial, 2017.
TAVARES, Luís Henrique Dias. História da Bahia. Salvador: Centro Editorial e Didático da UFBA, 1974.
As 10 cidades históricas e culturais do Recôncavo Baiano
Também serei o máximo sucinto possível na descrição das principais cidades turísticas do Recôncavo, de maneira a não tornar este artigo em um livro.
Assim sendo, optei por selecionar as principais atrações naturais, históricas e culturais de cada destino, pedindo a compreensão do leitor quanto a possíveis lugares e cidades que porventura tenham ficado de fora deste guia turístico.
1. São Francisco do Conde
São Francisco do Conde é uma das mais antigas cidades do Recôncavo Baiano. Está situada no fundo da Baía de Todos os Santos e a 82 quilômetros de distância da capital baiana.
Repleta de monumentos de grande relevância histórica, uma orla adornada por inúmeras embarcações de pesca, ilhas paradisíacas e povoados quilombolas, a cidade respira cultura manifestada no cotidiano simples dos seus cidadãos.
A primeira atividade para um bom turista em São Francisco do Conde é caminhar pelas suas ruas de paralelepípedo, algo surpreendente, pois tais veredas levam a algumas construções coloniais imponentes.
Também é possível fazer passeios de barco e admirar a linda natureza da região, além de visitar algumas ruínas importantes. Vamos aos principais pontos turísticos da cidade:
Igreja e Convento de Santo Antônio: construído pelos franciscanos, o complexo religioso foi inaugurado em 1649 e está situado na parte mais alta da cidade, com suas torres podendo ser avistadas do mar da Baía de Todos os Santos. Possui muitas obras de arte em seu interior, dentre mobiliário, azulejos portugueses, afrescos e abóbadas de rara beleza.
Ruínas da Escola de São Bento das Lajes: fundada por D. Pedro II quando em visita a São Francisco do Conde, foi inaugurada em 1877 como sede do Imperial Instituto Bahiano de Agricultura. Suas ruínas são impressionantes, atualmente tomadas pela mata.
Engenho Cajaíba: apesar deste engenho ser datado do séc. XVI, sua casa grande e fábrica de açúcar são construções do séc. XIX. Os monumentos foram palco de filmagens da novela O Velho Chico e se encontram na bela Ilha de Cajaíba, localizada em frente a São Francisco do Conde. Para chegar lá, basta contratar um barquinho e realizar a travessia.
Casa de Câmara e Cadeia: datada do séc. XVIII, está localizada na Praça da Independência, tendo sido um marco histórico também das lutas pela Independência do Brasil.
Igreja de Nossa Senhora do Monte: uma das mais antigas igrejas da Bahia, tendo sido citada por Gabriel Soares de Sousa em seu “Tratado Descritivo do Brasil em 1587”. Está situada na comunidade quilombola do mesmo nome e no alto de um promontório de onde se tem uma das mais belas vistas da Baía de Todos os Santos.
2. Saubara
Cidade do Recôncavo Baiano formada por diversos distritos e 13 quilômetros de orla marítima, possui algumas das mais lindas praias da Baía de Todos os Santos.
Destacam-se também as lindas festas tradicionais que são verdadeiros patrimônios imateriais da cultura baiana. Seguem os principais atrativos da cidade:
Praia Cabuçu: possui trecho urbanizado com barracas de praia e outro mais deserto com belos coqueirais à esquerda do centro. Suas águas calmas e cristalinas são especiais para banho e famílias com crianças e idosos.
Praia Monte Cristo: uma das praias mais bonitas da Bahia, possui lindas falésias e mar verde e cristalino. Um verdadeiro paraíso localizado em Bom Jesus dos Pobres, distrito de Saubara.
Igreja do Senhor Bom Jesus dos Pobres: construída em 1652, a capela está posicionada em frente a linda praia de mar cristalino, no distrito de Bom Jesus dos Pobres. Todo o cenário que a cerca é pitoresco, se tratando de um povoado de pescadores.
Igreja Matriz de São Domingos Gusmão: fundada em 1685 por jesuítas espanhóis, foi construída com pedras e óleo de baleia, retirados da ilha de Itaparica. Possui uma linda arquitetura e é um dos monumentos mais importantes da cidade.
Chegança de Marujos: recriada em 1977 por meio do resgate de práticas ancestrais, a festa acontece no dia 4 de agosto, dia do padroeiro da cidade, São Domingos de Gusmão. O evento é lindo e ritmado com cânticos que narram histórias heroicas da Marinha Brasileira nas lutas pela Independência do Brasil.
Caretas do Mingau: linda manifestação cultural que acontece no dia 02 de julho, recordando a participação de Saubara nas lutas pela Independência do Brasil, onde ocorreu a presença de mulheres pegando em armas e enfrentando soldados portugueses.
Barquinha de Bom Jesus dos Pobres: antiga tradição que acontece no dia 31 de dezembro, onde as esposas dos pescadores levam uma barca até o mar para agradecer e pedir prosperidade e fartura na pesca à rainha do mar, Yemanjá.
3. Cachoeira
Considerada uma preciosidade histórica, arquitetônica e cultural brasileira, Cachoeira possui um grande complexo arquitetônico tombado pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) desde 1971. Trata-se de aproximadamente 670 edificações, em sua maioria edifícios datados entre os séculos XVII e XIX.
Portanto, é impossível enumerar um a um seus monumentos aqui neste artigo, somente destacar alguns, como o Conjunto Arquitetônico do Carmo, a Casa de Câmara e Cadeia, a Ponte Imperial D. Pedro II, a Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário e a Estação Ferroviária.
Bom mesmo é realizar um passeio com city tour histórico, com o guia que explica um pouco da história de cada monumento visitado.
Cito também algumas pérolas localizadas na zona rural de Cachoeira que valem muito a pena serem visitadas:
Igreja e Convento de Santo Antônio do Paraguaçu: localizada na comunidade quilombola de São Francisco do Paraguaçu, é uma das ruínas mais imponentes da Bahia. O fato de estar praticamente dentro d'água e inserida na linda Baía do Iguape, no Rio Paraguaçu, torna o monumento ainda mais belo, especialmente no momento do pôr do sol.
Ao lado, há uma linda prainha para banho e o ótimo Restaurante de Aline, onde se come moquecas maravilhosas. Não deixe de contratar o Sr. Antônio e seu filho Meeno, para uma visita guiada ao interior das ruínas, eles tornam tudo por lá ainda mais especial!
Passeio de Barco pelo Rio Paraguaçu: o guia Meeno desenvolve passeios de barco pelo Rio Paraguaçu, um verdadeiro espetáculo de paisagens incríveis e banhos maravilhosos.
O passeio também visita monumentos históricos impressionantes, como o Forte Santa Cruz de Salamina, a Igreja de N. S. da Peña do antigo Engenho Velho, as ruínas do Engenho Novo e a Ilha dos Franceses, onde os mesmos negociavam pau-brasil com os tupinambás nos primeiros anos do séc. XVI.
Comunidades quilombolas: ir até a Estrada da Liberdade e praticar o turismo de base comunitária onde estão diversas comunidades quilombolas como o Kaonge, Dendê e Engenho da Ponte, é algo muito importante.
Elas guardam práticas cotidianas que remontam aos tempos dos seus ancestrais escravizados, como a produção de farinha e outros costumes.
4. São Félix
É difícil separar São Félix de Cachoeira e Cachoeira de São Félix, já que ambas são divididas apenas pelo Rio Paraguaçu e pela linda Ponte Imperial D. Pedro II.
A cidade é outra pérola do Recôncavo Baiano e possui muitos monumentos históricos importantes, assim como sua vizinha mais famosa. Segue algumas indicações de lugares que você não deve deixar de conhecer em São Félix:
Mirante da Cruz: é o ponto mais alto da cidade e proporciona uma vista fantástica de toda São Félix, do Rio Paraguaçu, da Ponte Imperial D. Pedro II e da cidade de Cachoeira.
Charutaria Dannemann: muito importante fazer o tour na charutaria, com um guia e funcionário que explica toda a história do fumo da região e o processo de produção tradicional dos charutos.
Igreja Matriz Deus Menino: datada do séc. XVIII, a igreja está situada praticamente em frente à Ponte Imperial D. Pedro II e é um dos principais marcos da cidade.
Mercado Municipal: além de antigo e de apresentar belíssima arquitetura, o mercado proporciona muitos cheiros, cores e sabores, local importantíssimo para conhecer sobre a cultura e cotidiano popular.
5. Santo Amaro da Purificação
Santo Amaro da Purificação ficou muito famosa por ser a cidade natal de Caetano Veloso, Maria Bethânia e Dona Canô, a matriarca de ambos. Mas sua importância histórica é enorme se tratando de colonização, sendo um dos primeiros povoamentos do país.
Assim como Cachoeira, é bem difícil enumerar toda a sua riqueza de monumentos, por isso citarei apenas os imprescindíveis abaixo:
Ruína da Capela N. S. do Rosário: considerada o marco zero de fundação do povoado que originou Santo Amaro, esta capela foi construída em 1557, sendo portanto, uma das mais antigas edificações de todo o Recôncavo Baiano. Ela está localizada na entrada da cidade.
Casa de Câmara e Cadeia: fica na linda Praça da Purificação e data do séc. XVIII. Sua bela arquitetura demonstra toda sua importância para a política e economia da região.
Igreja Matriz N. S. da Purificação: construída no início do séc. XVIII na Praça da Purificação, a igreja é o principal monumento histórico da cidade se tratando de beleza, principalmente se tomarmos como referência seu interior, cujos altares neoclássicos são belíssimos.
6. Maragogipe
A cidade de Maragogipe é mais um tesouro do Recôncavo Baiano, e praticamente tão antiga quanto Cachoeira, São Félix e Santo Amaro. Suas ruas de paralelepípedo levam a importantes monumentos que remontam aos primórdios da colonização, bem como as estradas vicinais que ligam sua zona rural e antigos engenhos de açúcar.
Maragogipe possui um lindo píer que costuma receber muitas embarcações à vela, principalmente no dia 24 de agosto, quando acontece a famosa Regata Aratu-Maragogipe, que recebe centenas de velejadores todos os anos.
Lá também é possível ver e visitar antigos saveiros, embarcação famosa pela sua importância histórica no transporte de mercadorias e pessoas pelo Recôncavo no período colonial.
Confira alguns dos seus principais atrativos:
Sobrado da Fábrica Suerdieck: edifício datado do séc. XIX e de extrema relevância que denuncia a importância da produção de fumo nessa região do recôncavo.
Conjunto Arquitetônico Santa Casa de Misericórdia: datado do séc. XVIII, o imponente complexo composto pelo hospital e a capela possui visão privilegiada, já que está instalado sobre uma colina de onde se tem uma excelente vista da cidade.
Forte Santa Cruz de Salamina: localizado na comunidade quilombola de Salamina, o forte pode ser visitado de carro ou por um passeio de barco. A atual arquitetura é do séc. XVIII, mas no séc. XVII já existia uma bateria instalada. Não se sabe exatamente se foi obra dos portugueses ou dos holandeses no tempo em que invadiram a Bahia.
Igreja Matriz de São Bartolomeu: grande marco histórico da cidade, a imponente igreja está de costas para a Baía do Iguape no Rio Paraguaçu e proporciona lindas vistas do seu outeiro. Seu interior é riquíssimo, com uma linda abóbada e talha neoclássica, além de púlpitos e altar de sacristia em rococó.
7. Salinas da Margarida
A bela cidade de Salina da Margarida possui este nome em razão de ter sido de fato uma região de exploração de sal. Possui lindas praias com mar manso e cristalino, com destaque para seu belo porto onde uma orla foi construída com ótimas opções gastronômicas de frente para o mar.
Salinas é berço de cultura, com diversas festas tradicionais e religiosas em seu calendário anual. Também é uma cidade pesqueira, onde se pratica pesca artesanal e mariscagem, sendo reduto de excelente gastronomia e muitos frutos-do-mar.
Seguem alguns atrativos de Salinas da Margarida:
Igreja de N. S. da Conceição: construída entre os séculos XVII e XVIII, a igreja é pequenina e possui um lindo frontispício emoldurado por cunhais. O interessante é que na paróquia desta igreja existem algumas mestras do saber, sendo elas pescadoras, tratadeiras de peixes, marisqueiras, parteiras, rezadeiras e responsáveis pelo centro de umbanda.
Igreja de N. S. da Encarnação: datada de 1620, a igreja está localizada no povoado homônimo, possui arquitetura primitiva que remonta aos primórdios da colonização. De lá é possível avistar a Ilha de Itaparica do outro lado do canal que a separa de Salinas.
Praia da Pedra Mole e Barra do Paraguaçu: o povoado de Barra do Paraguaçu é pacato, posicionado de frente para a foz deste importante rio genuinamente baiano e guarda uma das mais belas praias do Recôncavo, a maravilhosa Praia da Pedra Mole.
Para ir até ela é preciso caminhar aproximadamente 20 minutos em meio a linda vegetação que vai margeando a praia, trilha que proporciona cenários incríveis. Mas o melhor mesmo está na chegada, onde uma pequena cachoeirinha literalmente deságua na areia da praia. Um lugar realmente muito especial!
8. Nazaré das Farinhas
Nazaré é uma das cidades mais antigas, não apenas do Recôncavo, mas de toda a Bahia, e seu povoamento remonta ao séc. XVI. Cortada pelo Rio Jaguaripe, na sua margem direita Fernão Cabral de Athaíde construiu um engenho de açúcar em 1584, local onde surgiu sua primeira povoação.
Com o passar do tempo, a cidade se especializou como porto farinheiro, sendo de fundamental importância para alimentar as indústrias açucareira e fumageira instaladas no Recôncavo, além do intenso mercado interno baiano.
Nazaré possui monumentos históricos relevantes que podem ser visitados facilmente, mesmo em uma parada rápida a caminho das lindas praias da Costa do Dendê, como Morro de São Paulo e Boipeba, por exemplo.
Capela de N. S. de Nazaré: datada no séc. XVII, está situada no centro do largo do Camamu, atual Praça Almirante Muniz. O monumento localiza-se à esquerda do Rio Jaguaripe, sua fachada principal está voltada para o rio e os fundos para a Rua Conselheiro Saraiva. A capela foi edificada nas terras da fazenda de Antônio de Brito e em torno dela se desenvolveu um bairro muito ligado ao porto e à pesca.
Estação Ferroviária: a estrada de ferro que ligava Nazaré a Santo Antônio de Jesus foi construída no séc. XIX e teve grande importância para o escoamento da produção agrícola da região. Visitá-la é um estudo histórico, já que em seu interior guarda informações importantes e também a cabine de um trem do tempo em que esteve em funcionamento.
Paço Municipal: sem dúvida, a antiga prefeitura de Nazaré está entre as mais bonitas do Brasil. Trata-se de um grande edifício histórico construído no final do séc. XIX.
9. Maragogipinho
Maragogipinho é distrito de Aratuípe e possui grande importância cultural para o Brasil, já que preserva mais de 200 olarias em funcionamento que produzem e exportam para o mundo inteiro a arte em cerâmica, cuja técnica foi herdada dos ancestrais indígenas e africanos.
Portanto, uma visita a Maragogipinho é fundamental, tanto para conhecer e aprender sobre a bela cultura ceramista, como para adquirir belas peças decorativas.
Olarias e Capela de N. S. da Conceição: As olarias estão espalhadas pelo povoado, especialmente no entorno da bela Capela de N. S. da Conceição, construída no séc. XIX.
10. Jaguaripe
Para finalizar nosso giro histórico, cultural e natural pelo Recôncavo Baiano, não poderia deixar de falar da bela cidade de Jaguaripe. Sua história inicia com a exploração de madeiras, mas logo se tornou mais um importante ponto do Recôncavo onde foram instalados engenhos de açúcar.
Vale informar que a povoação se tornou freguesia em 1613, se tornando a primeira vila a ser instalada em todo o Recôncavo em 1697, com o nome de Nossa Senhora da Ajuda de Jaguaripe.
Seu centro histórico está situado no alto de um morro com vista espetacular do Rio Jaguaripe em trecho bem próximo da Baía de Todos os Santos. Portanto, é um lugar lindo que merece sua visita. Segue algumas das suas atrações:
Casa de Câmara e Cadeia: construída praticamente na linha d’água do Rio Jaguaripe, o edifício possui um porão conhecido como Prisão do Sal, em razão de, nas marés altas, a água invadir a prisão e matar sob tortura os que nela estavam aprisionados. Portanto, era uma cadeia temida no período colonial!
Igreja Matriz N. S. da Ajuda: construída no início do séc. XVIII, a igreja está situada no topo do morro mais alto da cidade, de onde se descortina as lindas paisagens do largo Rio Jaguaripe e seus manguezais. Seu interior é belíssimo, com belo mobiliário e lindos altares.
Restaurantes na orla do Rio Jaguaripe: o cenário é espetacular, sendo inclusive ponto de parada da turma que navega de jet ski pela Baía de Todos os Santos. Destaque para o maravilhoso Restaurante D’Najé, com deck em madeira, ambiente sofisticado e cardápio especializado em frutos-do-mar e culinária baiana.
Praia do Garcez: possui 8 quilômetros de extensão e trechos repletos de piscinas naturais com água cristalina formadas na maré baixa. Pouco conhecida, a Praia do Garcez oferece boa infraestrutura de pousadas na região próxima à foz do Rio Jequiriçá.
Se você chegou até aqui, acredito que tenha gostado do que leu e se motivado a realizar uma viagem histórica e cultural pelo Recôncavo Baiano. Assim sendo, conheça a opção do passeio de dois dias para Cachoeira a partir de Salvador, que contempla um tour histórico pela cidade de Cachoeira no primeiro dia e outro por belos monumentos históricos da sua zona rural no segundo dia.