Postado dia 08/09/24 | 6min. de leitura
Igatu: história, cultura e muita natureza nesse canto da Bahia
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Se existe uma cidade, povoado ou vila no Brasil, cujas características geográficas, históricas e culturais estão congeladas no tempo, ela se chama Igatu, na Chapada Diamantina. O pequeno povoado que é distrito da cidade de Andaraí, é um verdadeiro tesouro em todos os sentidos.
Não à toa seu conjunto arquitetônico, urbanístico e paisagístico foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), em 2000. Além disso, Igatu está mergulhada completamente no Parque Nacional da Chapada Diamantina e proporciona uma variedade especial de trilhas repletas de cachoeiras e paisagens espetaculares.
Continue conosco e saiba mais sobre Igatu!
Igatu, o berçário da Chapada Diamantina
Aludir o termo “berçário” à Igatu, na cidade de Andaraí, proporciona duplo sentido. O primeiro, diz respeito ao fato deste povoado ter nascido literalmente do processo de exploração diamantífera na região, portanto, é um dos seus berços de povoamento.
Em segundo lugar, pois sua geografia descortina trilhas curtas, mais leves, que levam a cachoeiras de pequenas dimensões, muito diferente das paisagens gigantescas e imponentes do restante da Chapada. Condições naturais que a tornam um lugar perfeito para levar crianças e iniciá-las em um estilo de vida associado a trilhas e à natureza.
Um pouco da rica história de Igatu
O primeiro povoado de Igatu surgiu em meados do séc. XIX e suas ruínas ainda estão lá, sendo conhecidas pela comunidade local como “cidade fantasma”. Daí a associação que muita gente faz com Machu Picchu. Salvando as devidas proporções, Igatu é conhecida como a Machu Picchu brasileira.
Igatu é um verdadeiro museu vivo da história da mineração de diamante no Brasil, algo que pode ser apreciado em uma simples visita à Galeria Arte & Memória, que se utilizou de parte das ruínas da “cidade fantasma” para instalar um museu a céu aberto repleto de utensílios deixados por garimpeiros e escravizados.
Utilizando mão de obra escrava, o garimpo de diamantes percorreu toda a serra do Sincorá, tendo Igatu como um importante centro de exploração e comunicação com outros importantes locais como Mucugê, Andaraí e Lençóis. As trilhas originais já existiam, sendo abertas pelos indígenas, mas ampliadas e algumas delas transformadas em verdadeiras estradas de pedra pelos escravizados africanos.
No auge do diamante, esses povoados citados acima, incluindo Igatu, receberam grandes obras arquitetônicas como igrejas belíssimas e casarões onde viviam os senhores da região, os barões do diamante.
Em seu apogeu, Igatu chegou a ter 10 mil habitantes, mas com o declínio da atividade diamantífera, a vila esvaziou e muitas das suas casas e comércios foram abandonados. Algumas famílias persistiram e continuaram vivendo lá, tendo ainda hoje alguns anciãos que contam muitas histórias dos tempos antigos.
Igatu foi redescoberta pelo turismo a partir dos anos 1990 e de lá para cá a vida da sua população melhorou significativamente, mas a tranquilidade e toda a atmosfera mística que a cerca, continua viva e encantadora como sempre!
O que fazer em Igatu
Apesar de pequenino, Igatu é um povoado gigante se tratando de riquezas naturais, históricas e culturais, sendo preciso pelo menos alguns dias para que toda sua beleza seja vivida por inteiro.
Confira os principais atrativos desse lugar maravilhoso!
As Festas Juninas em Igatu
Se você é o tipo de pessoa que deseja conhecer as festividades juninas típicas do nordeste brasileiro de maneira mais cultural e tradicional, precisa visitar Igatu em junho. Se não espera grandes shows nem uma multidão de gente embalada por músicas que nem sempre representam a essência junina, com certeza vai adorar estar em Igatu nesse período.
O povoado fica lindamente decorado por todo o mês junino. Lembrando que o dia de santo Antônio é 13 de junho, São João no dia 24 de junho e São Pedro em 29 de junho, sendo a noite de São João a mais especial, onde tudo acontece.
As noites em Igatu durante essas festas são de muita simplicidade. Com suas casinhas e ruas de pedra coloridamente decoradas, muitas fogueiras acesas em quase todas as ruas, crianças brincando com chuvinhas e traques, além daquele forrozinho pé de serra e da maravilhosa gastronomia típica repleta de bolos, milho, amendoim, canjica, mungunzá e quentão.
Tudo isso sem tumulto, com a quantidade certa de turistas que se misturam com a comunidade local em uma troca cultural belíssima. Há também a presença inusitada de músicos que se encontram na principal pracinha da cidade para tocar canções famosas de artistas nordestinos que embalaram por décadas tantas e tantas gerações.
Enfim, é tudo tão intimista e poético… momentos inesquecíveis que aos apreciadores da arte cultural, ficarão para sempre.
Capela de São Sebastião
A linda Capela de São Sebastião, como todas as casas de Igatu, foi toda construída com pedras, tornando sua arquitetura originalíssima. Ela está posicionada bem pertinho da Galeria Arte & Memória e também das ruínas da “cidade fantasma”, podendo ser visitada no caminho para esses outros atrativos.
Foi erigida em 1854, com auxílio dos habitantes locais e dos srs. Simplício Braga, Antônio Teixeira Machado e Sebastião Rebello, sendo que este último fez a doação do terreno.
Galeria Arte & Memória
Complementando as informações que já citamos na introdução deste artigo, a Galeria Arte & Memória possui, além de museu a céu aberto, salas com exposições de artistas da região e um café onde se pode experimentar alguns dos deliciosos e premiados cafés da Chapada Diamantina.
Vale muito a pena pagar a taxa cobrada e ter uma maravilhosa aula dos guias locais que trabalham lá, pessoas que estudam a história de Igatu e que exalam cultura, já que são nativos deste povoado.
Cachoeira das Cadeirinhas e Cachoeira dos Pombos
Trata-se de duas pequenas cachoeiras da Chapada Diamantina acessadas inicialmente por uma mesma trilha, que em determinado momento bifurca e oferece caminhos distintos para cada uma delas. A Cachoeira das Cadeirinhas é a mais próxima e trata-se de uma pequena queda d’água excelente para banho, distante apenas 10 minutos de caminhada.
Já a Cachoeira dos Pombos possui duas lindas quedas e está a aproximadamente 1 km do centro de Igatu. Toda a trilha é belíssima e justifica o porquê de chamarmos Igatu de “berçário da Chapada Diamantina”, já que o desgaste físico é bem leve e a paisagem é muito acessível para crianças.
Cachoeira da Califórnia
A Cachoeira da Califórnia possui uma linda queda de 10 metros de altura que ocorre dentro de um cânion de arenito rosa. Ela está a 1,5 km do centro de Igatu e a trilha de acesso dura aproximadamente 40 minutos, é considerada de grau difícil em razão de trechos técnicos onde há a necessidade de escalaminhada em pedras.
Antiga trilha de Igatu para Andaraí
Essa é um das trilhas da Chapada Diamantina que era utilizada pelos antigos garimpeiros até a Passagem do Rio Paraguaçu próximo à cidade de Andaraí. Ela inicia a partir da Igreja de São Sebastião e do antigo cemitério, passando pela Galeria Arte & Memória e pelas ruínas da “cidade fantasma”.
O percurso total é de 7,5 km e segue o curso do Rio Coisa Boa, com bons poços para o banho no caminho, além de lindas paisagens.
Onde ficar em Igatu
Apesar de ser um vilarejo pequeno com apenas 400 habitantes, Igatu dispõe de ótimas pousadas, com destaque para a linda Pousada Flor de Açucena, que dispõe de quartos em pedra e de frente para linda mata, além de linda área externa com paisagismo integrado às belezas naturais da região.
A Pousada Pedras de Igatu também se destaca no povoado, pelas belas instalações e também pela localização bem próxima da Igreja de São Sebastião.
Onde comer em Igatu
Igatu também chama a atenção pelos restaurantes nativos, muitos dos quais funcionam nas casas e varandas dos seus habitantes, oferecendo refeições deliciosas em meio às características gastronômicas locais. O Restaurante Água Boa é bem famoso, possui espaço amplo com mesas e cadeiras bem distribuídas, além de ótimo e variado cardápio.
Outra opção é o Restaurante Vegetariano Igatu, que como o próprio nome diz, oferece um cardápio amplo e cheio de iguarias para os adeptos do vegetarianismo.
Como chegar em Igatu
Igatu está a 428 km de Salvador, e pode ser acessada em carro próprio ou alugado seguindo pelas rodovias BR-324, BR-116, BR-242 e BA-142 até a entrada de Igatu localizada entre Andaraí e Mucugê, devendo ainda percorrer mais 7 km de estrada de pedra e terra até lá.
Uma segunda alternativa é pegar um ônibus na rodoviária de Salvador com destino a Andaraí, para uma viagem de aproximadamente 8 horas, e de lá seguir caminhando pela trilha de 7,5 km de Andaraí para Igatu ou contratando um táxi.
A terceira e mais confortável possibilidade é contratar um transfer em Salvador, que pode te buscar já no desembarque do seu voo ou no hotel onde estiver hospedado, para uma viagem direta de aproximadamente 7 horas até Igatu.
Agora que você já sabe mais acerca de Igatu, sobre suas principais atrações, infraestrutura e como chegar, conheça também 14 passeios na Chapada Diamantina, que podem ampliar significativamente sua viagem a esse belíssimo destino baiano.