Refúgio de Vida Silvestre da Ararinha Azul: veja antes de visitar

O Refúgio de Vida Silvestre da Ararinha Azul fica no sertão baiano, às margens do Vale do Rio São Francisco, e é uma das iniciativas mais importantes de conservação da biodiversidade brasileira. Foi criado para proteger o habitat natural da ararinha-azul (Cyanopsitta spixii), uma das araras mais raras do mundo. Sendo assim, sua existência representa a esperança de reintrodução desta espécie em seu ambiente original.

A seguir, você descobrirá a importância ecológica desse santuário, além de informações práticas para quem deseja conhecer o local e explorar suas trilhas!

História e relevância da ararinha-azul

Por ser uma das aves mais raras do mundo e estar praticamente extinta, a ararinha-azul se tornou um dos maiores símbolos da fauna brasileira.

Nativa da caatinga, mais especificamente da região do norte da Bahia, a espécie foi declarada extinta na natureza no ano 2000, após décadas de captura para o tráfico de animais silvestres.

Sua pena na cor azul vibrante é a principal característica que atraiu os olhares de criadores e traficantes a partir do século XIX, e por isso a espécie foi quase extinta da natureza, sendo considerada como “fantasma do sertão”. 

Atualmente, só restam algumas aves em cativeiro pelo mundo, e embora esta seja uma realidade alarmante, existem esforços para reintroduzi-la ao seu habitat natural, como zoológicos e centros especializados na Alemanha, Catar e Brasil.

Criação e objetivos do Refúgio de Vida Silvestre da Ararinha Azul

Oficialmente criado em 3 de junho de 2018, através do Decreto Federal n° 9.409, o Refúgio de Vida Silvestre da Ararinha Azul é uma unidade de conservação localizada no município de Curaçá, na Bahia. Ocupa uma área de 29.000 hectares da caatinga, um dos biomas mais ameaçados do país.

O refúgio foi criado por meio de uma parceria entre o governo brasileiro, organizações internacionais e instituições de pesquisa, com o objetivo principal de preparar o ambiente para a reintrodução da ararinha-azul em seu habitat natural. Dessa forma, a região começou a ser monitorada, recuperada e protegida para assegurar condições favoráveis à sobrevivência da espécie.

A proteção da fauna e da flora da caatinga, o incentivo da pesquisa científica, a promoção da educação ambiental e a valorização do turismo ecológico responsável são os principais objetivos do refúgio. Outro feito da unidade é o envolvimento das comunidades locais e agentes ambientais na conservação do território.

O refúgio, também conhecido como RVS Ararinha Azul, tem se tornado um marco na história da conservação ambiental no Brasil e na América do Sul, especialmente por estar envolvido na reintrodução de uma espécie extinta na natureza.

Área de Proteção Ambiental da Ararinha-Azul e integração com o refúgio 

A Área de Proteção Ambiental da Ararinha Azul (APA Ararinha-Azul) foi criada para ampliar e proteger o território da ave e garantir um espaço seguro ao redor do refúgio. Essa APA envolve um território ainda maior que o refúgio, com cerca de 90 mil hectares, e possui a função de assegurar o uso sustentável dos recursos da região, assim como minimizar os impactos humanos nos arredores da unidade de conservação.

A APA funciona como uma proteção adicional, criando um espaço onde atividades compatíveis com a conservação podem acontecer, como agroecologia, turismo sustentável e pesquisa científica. Ela é essencial para a manutenção da natureza local, favorecendo tanto a Ararinha-Azul, quanto outras espécies da fauna e flora da caatinga.

A junção do refúgio e da APA resulta em um monitoramento ideal do ambiente da região de Curaçá, intensificando os esforços de reintrodução da espécie, além de garantir que os indivíduos soltos na natureza consigam se estabelecer, se reproduzir e restaurar a população no ambiente.

Como visitar o Refúgio de Vida Silvestre da Ararinha Azul: trilhas, acesso e dicas práticas 

Mesmo sendo uma unidade de conservação integral, o Refúgio de Vida Silvestre da Ararinha Azul está aberto à visitação monitorada para fins científicos, educativos e de ecoturismo, além de oferecer ao visitante a chance de explorar a rica biodiversidade da caatinga e conhecer de perto a exótica arara-azul.

O acesso ao refúgio pode ser feito a partir da cidade de Curaçá, que fica a aproximadamente 100 km de Juazeiro, e o trajeto até a área protegida é realizado por estradas vicinais. Como a unidade ainda está em desenvolvimento, é recomendável entrar em contato com o ICMBio ou com a secretaria do meio ambiente local antes da visita, para saber melhor sobre as trilhas e horários de funcionamento.

Algumas das atrações disponíveis para os visitantes são as trilhas que percorrem a caatinga e a observação de aves e de paisagens deslumbrantes do sertão nordestino. Se tiver sorte, também é possível avistar ararinhas-azuis já reintroduzidas na natureza, além de outras espécies de aves e mamíferos da região.

É importante levar protetor solar, chapéu, roupas leves e resistentes ao calor, assim como bastante água. Guias locais capacitados enriquecem ainda mais a experiência, explicando sobre a fauna, a flora e os detalhes do esforço para a conservação da região.

Educação ambiental e participação da comunidade local 

O envolvimento ativo das comunidades locais na preservação e educação ambiental é uma das coisas mais importantes para o sucesso do Refúgio de Vida Silvestre da Ararinha Azul. Os moradores de Curaçá são incentivados a participar de atividades de proteção da natureza local, programas de monitoramento das ararinhas soltas na natureza e até mesmo da capacitação para o ecoturismo.

Escolas municipais, ONGs e o próprio ICMBio promovem essas atividades educativas, incentivando as crianças e jovens da região a aprender o valor da natureza e também como preservá-la. Além disso, iniciativas como a formação de guias locais e o estímulo a práticas sustentáveis vêm mudando a relação entre a população e o ambiente natural da região.

Por fim, agora que você conheceu o Refúgio de Vida Silvestre da Ararinha Azul, aproveite para conhecer mais sobre a cidade de Juazeiro, também no sertão baiano, oferece belezas igualmente especiais. Algumas delas são o Rio São Francisco e atrações incríveis, como o Museu Regional do São Francisco, a Estátua Nego D'água e a Ponte Presidente Dutra.