
Postado dia 16/09/25 | 7min. de leitura
Catedral Basílica de Salvador: como aproveitar a visita
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A Catedral Basílica de Salvador é um monumento de elevado valor histórico, pois além de ser uma das igrejas mais antigas da cidade, ainda é parte integrante do antigo Colégio de Jesus, fundado pelos jesuítas que chegaram com Tomé de Sousa em 1549.
Visitá-la é um dos programas mais interessantes a se fazer em Salvador, abrindo também um leque enorme de possibilidades em razão de estar localizada no coração do centro histórico: a praça do Terreiro de Jesus.
Fique conosco e conheça um pouco sobre sua história, detalhes mais interessantes sobre sua arquitetura e demais curiosidades relevantes que lhe serão muito úteis durante à visitação.

Catedral-Basílica Primacial de São Salvador: construção e cronologia histórica
Os jesuítas chegaram à Baía de Todos os Santos com Tomé de Sousa em 1549 e faziam parte do projeto colonizador da Coroa Portuguesa. A vinda dos religiosos tinha por objetivo a catequese dos originários da terra, sendo um agente facilitador para a dominação dos indígenas.
No mesmo ano em que desembarcaram, construíram uma primitiva igreja de taipa e palha dentro dos muros da cidade, a de Nossa Senhora da Ajuda. Através dela, os jesuítas começaram a atrair os indígenas, tendo por propósito lhes ensinar um ofício, a ler, escrever e contar. Assim, em 1550 foi criado o Colégio dos Meninos.
Posteriormente, receberam um terreno doado fora dos muros, onde fizeram obra de terraplanagem e construíram a segunda igreja de nome Terreiro de Jesus, em 1553.

O padre Manoel da Nóbrega previu que o Terreiro de Jesus se tornaria o centro da incipiente cidade, fundando ali o Colégio dos Jesuítas da Bahia em 1564, a primeira instituição de ensino da ordem jesuítica nas Américas.
O colégio funcionou até 1759, data em que os jesuítas foram expulsos por determinação do Marquês de Pombal. Nele estudaram nomes marcantes na história, como o padre Antônio Vieira, o frei Vicente do Salvador, Gregório de Matos, entre outros. O colégio foi sempre um anexo da igreja jesuíta, que posteriormente foi substituída pela Catedral-Basílica Primacial de São Salvador.
O Terceiro Governador Geral do Brasil, Mem de Sá, mandou erigir em alvenaria a terceira versão da igreja em 1563. Segundo Fernão de Cardim descreveu em 1585, possuía ricos ornamentos em damasco, veludo, carmesim e ouro, além de três altares com luxuosos dosséis e muitas relíquias de santos.
A atual igreja foi erigida a partir de 1657, sendo a quarta igreja do Colégio de Jesus. Revestida com pedras em cantaria de lioz trazidas prontas de Lisboa, ela pode ser considerada mais portuguesa do que brasileira, uma obra monumental que visava rivalizar com as maiores igrejas de Portugal. Ela se tornou catedral após a expulsão dos jesuítas e em substituição à antiga Sé, que se encontrava em risco de desabamento.
Cronologia da Catedral Basílica de Salvador
A seguir, sua cronologia mais detalhada, de acordo com o pesquisador e arquiteto Paulo Ormindo David de Azevedo, no Inventário de Proteção do Acervo Cultural da Bahia (IPAC):
1549: Chegada dos jesuítas e construção da primeira igreja em taipa e palha.
1553: Construção da 2ª igreja.
1561/1572: Construção da terceira igreja a mando de Mem de Sá.
1583: Conclusão do claustro.
1591: Inauguração segundo Colégio dos Jesuítas da Bahia.
1604: Compra de materiais para construção da quarta igreja (atual).
1657/1672: Construção do terceiro Colégio e início da obra da atual catedral.
1692: Término da ornamentação da capela privada.
1694: Reconstrução do pátio do Colégio.
1701: Término do teto em abóbada de madeira e do pátio de Estudos Gerais.
1707: Conclusão do altar de mármore italiana da sacristia.
1759: Expulsão da Ordem Jesuíta do Brasil.
1781: Transformada em Catedral.
1801: Destruição do pátio dos Estudos Gerais pelo fogo.
1808: Instalação do hospital militar.
1833: Transferência do hospital e criação da Faculdade de Medicina da Bahia.
1905/1906: Incêndio e reconstrução da Faculdade de Medicina.
O que ver na bela Catedral de Salvador
Nave
A nave da catedral é única e belíssima, possuindo capela-mor profunda, duas capelas laterais, duas colaterais e mais duas capelas perpendiculares.
A riqueza dos diversos altares tornam o conjunto de uma beleza rara, valendo por si só à visita. Destaque para os altares de Santa Úrsula, São Francisco Xavier e Santo Inácio de Loyola, originais do séc. XVII.
O altar-mor foi construído entre 1665 e 1670, e possui decoração em talha dourada de características da transição entre o renascimento e o barroco. Nele se encontra o quadro de Nossa Senhora, colocado na base do trono do Santíssimo Sacramento.

A capela-mor expõe 18 quadros pintados pelo jesuíta Domingos Rodrigues, entre 1665 e 1670. São 9 de cada lado e representam a vida de Jesus, da anunciação à Ressurreição de Lázaro.
Há também um altar com a imagem de Nossa Senhora das Maravilhas e outro dedicado às Onze Mil Virgens, com 30 bustos das Virgens e Santos Mártires que retornaram após mais de 15 anos sob a guarda do Museu de Arte Sacra.
O forro do teto é em caixaria de madeira, com lindas talhas douradas onde se destaca o símbolo dos jesuítas, a sigla IHS (Iesus Hominum Salvator, que significa “Jesus Salvador dos Homens”). Ele está em letras douradas no centro de um enorme sol, uma arte encantadora.
Ainda na nave, é possível encontrar o batistério próximo à porta da entrada. Trata-se de uma pia trabalhada em um só bloco de pedra de lioz.
Sacristia
A sacristia da Catedral Basílica de Salvador é imensa e possui decoração impressionante.

Ela é composta por três altares de mármores multicoloridos, onde se vê imagens barrocas do séc. XVIII. O maravilhoso mobiliário de jacarandá é dividido em duas partes e foi construído em 1683, tendo por mestre Luís Manuel de Matosinhos.
O mais fantástico é que não há espaço onde não se veja arte, todas elas em harmonia. Quadros, azulejos, talhas e diversas outras expressões que tornam este espaço único.
Quanto ao teto, é composto de caixotões com 21 figuras pintadas a têmpera, técnica antiga que utiliza água e gema de ovo para misturar os pigmentos. Neles, figuram a representação de Santo Inácio de Loyola, os mártires do Brasil, do Japão e os primeiros apóstolos jesuítas, tudo lindamente colorido como iluminuras dos livros medievais e renascentistas.
Livraria
A antiga livraria do Colégio dos Jesuítas está acima da sacristia e a escadaria que dá acesso a ela possui paredes cobertas por azulejos portugueses. A pintura do forro é extraordinária, com pintura barroca em perspectiva, formando um cenário celestial.
Ao centro se vê a alegoria da Sabedoria flutuando sobre o Tempo e a Fortuna. A obra é de Luís Moura Sobral e Antônio Simões Ribeiro. É lá que se encontra o museu da catedral.
Bibliografia
AZEVEDO, Paulo Ormindo David de. IPAC-BA: Inventário de Proteção do Acervo Cultural da Bahia. Salvador: Secretaria da Indústria e Comércio e Turismo. v.1. Monumentos do Município de Salvador, 1975-2002. 7v.
FLEXOR. Maria Helena Ochi. Igrejas e Conventos da Bahia. Parte II. Brasília: Iphan/Programa Monumenta, 2010.

Mais informações sobre a Catedral Basílica de Salvador
Horário das missas: quinta-feira, às 08:30; sábado, 08:20 (em latim); domingo, 10:00.
Visitação: de segunda a sábado, das 09:00 às 17:00 (taxa R$10,00); domingo, das 11:30 às 17:00 (gratuito).
Endereço da Catedral Basílica de Salvador: Largo Terreiro de Jesus, s/n, Pelourinho, Salvador.
Como chegar à Catedral Basílica de Salvador
A Catedral Basílica de Salvador está localizada no Terreiro de Jesus e como já foi dito, está no coração do centro histórico da cidade. Confira abaixo as melhores opções de como chegar até lá:
Via transporte público
A primeira opção é pegar qualquer ônibus coletivo que se dirija até a Praça da Sé, que fica ao lado da catedral.
Outra forma, é pegar um ônibus até o Terminal da França e caminhar alguns metros até o Elevador Lacerda. Em seguida, basta subir o elevador até a Praça Tomé de Sousa e seguir por mais alguns metros até a catedral. Lembrando que no caminho, encontra-se o Mercado Modelo, uma das paradas obrigatórias para qualquer turista em Salvador.
Via transfer
Se deslocar por meio de transfer é sempre mais seguro em qualquer cidade grande do país. É possível contratar um transfer para a Catedral Basílica de Salvador, que busca o turista no saguão do hotel onde estiver hospedado.
O que fazer próximo à Catedral Basílica de Salvador
O próprio Terreiro de Jesus já oferece muitas opções, e nesse caso, caminha-se muito pouco para chegar em monumentos como a espetacular Igreja e Convento de São Francisco de Assis, também conhecida como “Igreja de Ouro”.

Ao seu lado, está a Igreja da Ordem Terceira de São Francisco, que possui uma das mais incríveis fachadas do barroco no país. Ela também oferece um museu, que certamente agregará muito ao passeio.
Outra parada obrigatória é adentrar na Igreja de São Domingos Gusmão, e ao seu lado, a Igreja de São Pedro dos Clérigos. Saindo um pouco do campo religioso, é imprescindível visitar a primeira Faculdade de Medicina do Brasil, que foi construída sobre o antigo Colégio dos Jesuítas da Bahia.
E para quem curte uma cachacinha diferenciada, o famoso “Bar do Cravinho” oferece sabores genuínos em suas misturas de cachaça com especiarias, em especial, a bebida que deu nome ao bar e lhe rendeu fama internacional.
No campo da gastronomia, o Restaurante Ó Paí Ó funde arte, música e teatro com o que há de melhor na gastronomia baiana. Um ótimo lugar para beber um drink e provar aquela moqueca especial da Bahia.
Por fim, vale lembrar que existe um city tour histórico que realiza boa parte dessas visitas de maneira guiada, ou seja, com um especialista narrando as principais informações históricas de cada monumento, imperdível!
Se você curtiu este artigo sobre a Catedral Basílica de Salvador e as principais atrações do Terreiro de Jesus, conheça também a Praça da Sé, vizinha mais próxima de ambos. Com esta opção, um novo universo de possibilidades surgirão para que você possa explorar ainda mais o centro histórico da capital baiana.
Por Márcio Vasconcelos de O. Torres
Historiador e viajante - marciotorresbb@gmail.com
