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Nagé - Maragogipe: um belo cantinho do Recôncavo Baiano

Postado dia 11/06/25 | 4min. de leitura

Nagé - Maragogipe: um belo cantinho do Recôncavo Baiano

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Assim como os povoados de Coqueiros, Guaí, Guapira e São Roque do Paraguaçu, Nagé é distrito de Maragogipe e está às margens do lindo Rio Paraguaçu. 

O povoado, de origem quilombola, oferece muito além de belas paisagens, com cultura excepcional e gastronomia formidável, ingredientes perfeitos para os apaixonados pelo turismo de experiência.

Neste artigo, conheça um pouco sobre este cantinho do Recôncavo Baiano, um lugar repleto de belezas naturais que tem no histórico Rio Paraguaçu seu grande destaque. Não posso deixar de considerar a presença relevante de um povo gentil, sorridente e sempre disposto a boas conversas. Continue conosco!

Rua e praça de Nagé Maragogipe
Praça e rua de Nagé, distrito de Maragogipe

Um pouco sobre a origem de Nagé

A história de Nagé e Coqueiros se funde, sendo ambos povoados vizinhos e separados por uma estreita faixa de manguezal. Habitada no passado por tupinambás, foi escolhida pelos portugueses como zona da cultura de cana-de-açúcar em razão do seu fértil solo de massapê e viu o surgimento de muitos engenhos ao longo da segunda metade do séc. XVI.

Além do açúcar, a região onde Nagé está inserida também se tornou importante centro no cultivo de fumo e mandioca, passando a utilizar, primeiramente, a mão de obra escravizada indígena, e posteriormente africana. 

Esta última, foi designada a atuar exponencialmente nos engenhos de açúcar e nas lavouras, sendo a base na formação populacional do povoado. 

Além disso, sabe-se também que Coqueiros fazia parte de Nagé, se desmembrando no ano de 1926.

O que fazer em Nagé, Bahia

A cultura popular

Marisqueira catando siri Nagé Maragogipe
Marisqueira de Nagé catando siri na porta da sua casa

Por se tratar de uma comunidade pesqueira, é muito comum se deparar com pescadores tecendo redes na orla do povoado, bem como tratando peixes frescos. 

O mesmo em relação às marisqueiras, que muito habilidosas, costumam “catar” siris, aratus e caranguejos na porta das suas casas, uma cena bela e digna dos melhores documentários culturais do Brasil.

Portanto, parar para conversar com o povo de Nagé é uma maneira de aprender sobre sua cultura, apreciando elementos não divulgados nas agências de turismo e valorizando a cultura popular. 

O Rio Paraguaçu

Barcos canoas orla de Nagé rio Paraguaçu
Barcos e canoas na orla de Nagé, rio Paraguaçu

O Rio Paraguaçu é uma beleza que impressiona e Nagé está literalmente à sua margem. Na orla, é impressionante a quantidade de canoas tupinambás ancoradas, e também é possível conhecer um saveiro bem de pertinho, já que estamos falando de Maragogipe, um dos epicentros dessa primitiva embarcação.

Uma boa pedida é ficar amigo de um pescador e contratá-lo para dar uma volta de canoa ou de saveiro pelo Paraguaçu. 

Além de conhecer paisagens ricas em manguezais e prainhas paradisíacas, é possível visitar monumentos históricos impressionantes, como o Forte Santa Cruz de Salamina e as ruínas do antigo Engenho Novo, ambos localizados muito próximos à Nagé e ainda na jurisdição de Maragogipe.

Bares e restaurantes na orla

Bares orla de Nagé rio Paraguaçu
Bares à esquerda, sobre a amurada da orla de Nagé

Nagé possui uma pequena orla super intimista, com bares e restaurantes populares posicionados praticamente sobre o Rio Paraguaçu. Um lugar para beber entre amigos e comer maravilhosamente bem. 

Lembre-se: estamos no Recôncavo Baiano, região farta em pescados e mariscos, e onde praticamente se originaram muitos dos sabores da Bahia mundialmente conhecidos. 

Aproveite para experimentar uma boa moqueca de… bem, aí é você quem escolhe! Pode ser de aratu, caranguejo ou siri catado, peixes diversos, camarão, enfim, é ou não é de dar água na boca? Com sorte ainda poderá apreciar o bom e velho samba de roda, ritmo original do Recôncavo que deu origem ao samba brasileiro.

Artesanato de barro

Vale a pena conferir o artesanato de cerâmica produzido por lá. É um estilo semelhante ao de Coqueiros, onde são produzidos especialmente pratos e panelas de barro, dentre outros artigos.

Bibliografia

AZEVEDO, Paulo Ormindo de. IPAC-BA - Inventário de proteção do acervo cultural: monumentos e sítios do Recôncavo, II parte. Salvador: Secretaria da Indústria e Comércio da Bahia, 1982.

Atrativos próximos a Nagé

Entardecer rio Paraguaçu São Félix
Entardecer no rio Paraguaçu, com a cidade de São Félix ao fundo

Além da comunidade vizinha de Coqueiros, na mesma margem direita do Rio Paraguaçu está a histórica cidade de São Félix, que possui lindo centro histórico composto por sobrados coloniais, igrejas seculares e uma estação ferroviária desativada que remonta ao tempo áureo da economia da região.

A cidade ainda conta com a antiga fábrica de charutos Dannemann, que proporciona um tour guiado que conta a história do fumo na região.

De São Félix, basta atravessar a bela ponte metálica Dom Pedro II para chegar à Cachoeira, considerada a capital do Recôncavo Baiano pela sua importância histórica e econômica. 

O centro histórico de Cachoeira é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), sendo um dos mais belos da Bahia. 

Charutaria Dannemann rio Paraguaçu São Félix
Orla de São Félix com a charutaria Dannemann e o lindo rio Paraguaçu

Por lá o turista se depara com uma infinidade de monumentos de grande relevância histórica, a exemplo do complexo arquitetônico do Carmo, composto pelas igrejas das ordens Primeira e Terceira, e do convento que atualmente funciona como pousada. 

A Praça da Aclamação também se destaca em meio a lindos sobrados coloniais e a presença da bela Casa de Câmara e Cadeia, sede do Governo da Província da Bahia, onde em 1822, Dom Pedro I foi aclamado Regente e Defensor do Brasil.

Vale muito também conhecer a Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário, construída no séc. XVIII e que apresenta uma linda coleção de azulejaria portuguesa. 

Onde se hospedar 

Nagé não dispõe de pousadas, sendo a melhor opção se hospedar na cidade de Maragogipe, que oferece diversas opções de hospedagens para todos os gostos e bolsos. 

Como chegar em Nagé

Nagé está distante 134 quilômetros de Salvador, e para chegar lá, é preciso seguir pelas rodovias BR-324 e BR-420. 

A empresa Cidade Sol oferece quatro horários para Maragogipe: 07:00, 09:00, 12:30 e 17:00, com viagens de aproximadamente três horas e meia. Essas linhas passam na entrada de Nagé, que está 7 quilômetros antes de Maragogipe.

Outra forma muito interessante é contratar um transfer de uma agência confiável, com automóveis novos e climatizados que te levam a qualquer destino baiano.

Agora que você conheceu Nagé, descubra as maravilhas de São Roque do Paraguaçu, outro distrito de Maragogipe de encher os olhos!


Por Márcio Vasconcelos de O. Torres

Historiador e viajante - marciotorresbb@gmail.com

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