São Roque do Paraguaçu: um lugar escondido na Bahia

São Roque do Paraguaçu é uma vila histórica que pertence à cidade de Maragogipe e está localizada ao lado da Barra do Paraguaçu, no Recôncavo Baiano. Além de preservar monumentos históricos importantes, é um destino riquíssimo em belezas naturais, com manguezais preservados, trechos de mata atlântica, pequenas falésias, dendezeiros, piaçaveiras e coqueirais.

Inserido no contexto geográfico da Baía de Todos os Santos, a vila de São Roque é banhada pelo rio Paraguaçu e possui lindas praias bem próximas do encontro entre o rio e o mar da Baía, o que garante águas cristalinas excelentes para banho. 

Como todas as cidades, vilas e povoados situados no Recôncavo, São Roque do Paraguaçu também é um grande centro cultural, tendo como referência maior a pesca artesanal e os costumes preservados por sua comunidade quilombola, que inclui gastronomia especial e muito samba de roda. 

Conheça mais sobre este ótimo destino baiano nas próximas linhas!

Um pouco sobre a origem de São Roque do Paraguaçu

Assim como a cidade sede Maragogipe, São Roque está localizada na margem direita do Rio Paraguaçu e era habitada pela etnia aimoré antes da invasão portuguesa. Em 1557, D. Duarte da Costa, então 2º Governador Geral do Brasil, doou a sesmaria de “Peroaçu” a seu filho, Álvaro da Costa.  

Três anos mais tarde, a sesmaria foi transformada em Capitania do Paraguaçu, grande território que englobava a atual cidade de Maragogipe e todos os seus distritos, incluindo São Roque do Paraguaçu. 

Os primeiros engenhos de açúcar dessa região foram instalados entre 1574 e 1578. Acredita-se que o Engenho de Barra de São Roque foi fundado nos primeiros anos do séc. XVII, pertencendo a Cristovan Cavalcanti e Albuquerque, senhor de vários engenhos e fazendas no Recôncavo.

A vila se desenvolveu no entorno do engenho, sendo suas primeiras edificações a casa grande e a Igreja de São Roque, ambas construções do séc. XVII. Acredita-se que a igreja é, provavelmente, a mais antiga, mas o certo mesmo é que ambos os monumentos atravessaram o tempo e são marcos de fundação da vila. 

A igreja é aberta ao público e a casa grande, propriedade privada, sendo necessário autorização para acessá-la.

O que fazer em São Roque do Paraguaçu: 3 dicas para seu roteiro

Confira as melhores opções do que fazer por lá:

1. Igreja de São Roque

Diferentemente da maior parte dos antigos engenhos de açúcar, onde casa grande e capela eram construídas próximas, a Igreja de São Roque fica bem afastada da casa grande, e ambas integravam o antigo Engenho de Barra de São Roque, núcleo de formação da atual vila de São Roque.

A igreja está situada no alto de um morro e inserida na extremidade da Praça Nossa Senhora das Vitórias, possui um cruzeiro à sua frente e um cemitério nos fundos. Construída nos moldes das antigas igrejas primitivas e rurais, apresenta planta em “T” acrescida de corredores laterais e tribunas.

Da sua arquitetura primitiva e original estão preservados a abóbada sobre a capela-mor, a bacia de púlpito, o arco do cruzeiro, pisos em xadrez de mármore na nave, capela-mor e sacristia. Na capela encontram-se imagens originais de Nossa Senhora do Desterro e de São Roque.

2. Casa Grande

Como já dito anteriormente, a casa grande do antigo Engenho de Barra de São Roque está situada em uma propriedade privada e para acessá-la, é necessária a autorização do proprietário.

Ela está situada no alto, de onde se tem uma vista esplêndida do encontro do Rio Paraguaçu com o mar da Baía de Todos os Santos.

Sua arquitetura é contornada por varandas em três lados, típica do Recôncavo na transição entre os séculos XVII e XVIII, sendo uma das mais antigas nesse estilo do Brasil.

3. Praias de São Roque do Paraguaçu

Em 1978, ao lado da casa grande, foi instalado um enorme estaleiro para fabricação de plataformas metálicas utilizadas na extração de petróleo.

Tal empreendimento desambientou o território mais antigo de São Roque, bem como a vila e parte do seu litoral. 

Praia de São Roque do Paraguaçu

Localizada bem ao lado do estaleiro, é a praia mais popular da vila. Apesar de grande parte da sua paisagem ter sido prejudicada por tal empreendimento, ainda preserva belos cenários e um mar excelente para banho. 

No local é possível aproveitar barracas de praia que servem bebidas e petiscos de frutos-do-mar.

Enseada do Paraguaçu

Pequeno povoado quilombola, que vive à base da pesca artesanal e da mariscagem, proporciona paisagens pitorescas. 

Com as casinhas dos seus moradores à beira-mar, pequenas embarcações de pesca ancoradas na praia e vegetação que varia entre mata atlântica, mangue, dendezeiros, piaçaveiras e coqueirais, este lugar encantador merece ser conhecido pelos amantes do ecoturismo e do turismo de experiência.

Um lugar de banho maravilhoso, onde se pode comer um peixinho fresco e frito no azeite de dendê bem na beirinha da praia. Nesse sentido, o restaurante Cantinho do Painho é referência por lá.

Praias do Badejó, do Maia e da Escovoada

São aproximadamente 3 quilômetros de praias que podem ser acessadas caminhando a partir da Enseada do Paraguaçu.

Uma ótima oportunidade de explorar paisagens praticamente intactas, com rica vegetação e o encontro do Rio Paraguaçu com o mar da Baía de Todos os Santos. No entanto, leve o que comer e beber, já que a região não possui infraestrutura turística, somente praias literalmente desertas!

Vale lembrar que é possível ir um pouco além e chegar na Praia da Pedra Mole, na Barra do Paraguaçu. Além de linda, a exótica prainha ainda proporciona uma cascatinha que cai da falésia literalmente na areia da praia, um espetáculo.

Bibliografia

AZEVEDO, Paulo Ormindo de. IPAC-BA - Inventário de proteção do acervo cultural: monumentos e sítios do Recôncavo, II parte. Salvador: Secretaria da Indústria e Comércio da Bahia, 1982.

Atrativos próximos a São Roque do Paraguaçu

Como dito acima, a rodovia BA-534 liga São Roque do Paraguaçu a Salinas da Margarida, passando antes pelo povoado de Barra do Paraguaçu. Toda essa região proporciona muitas praias lindas, a exemplo da Praia da Pedra Mole que citei anteriormente, e da Praia de Tubarão, ambas na Barra do Paraguaçu.

Salinas da Margarida ainda dispõe do povoado praiano de Cairu, da Praia da Conceição e a antiga Igreja de N. Sra. da Conceição, da Praia de Araçá, da Praia da Ponte, onde está a marina de Salinas, da Ponta do Dourado e do povoado praiano de Encarnação de Salinas.

Subindo o Rio Paraguaçu, vale destacar o povoado de Coqueiros, rico em história, cultura, gastronomia e artesanato. Mas antes, é possível visitar a comunidade quilombola Salaminas Putumujú, onde está o fantástico Forte Santa Cruz de Salamina, uma das pérolas arquitetônicas e históricas da região. 

Ainda tem o povoado de Nagé, que também está às margens do Paraguaçu e oferece belas paisagens, muita cultura e gastronomia baiana. 

Onde se hospedar em São Roque do Paraguaçu

A vila de São Roque do Paraguaçu oferece hospedagens simples, mas aconchegantes, que atendem aos que desejarem pernoitar por lá. 

A principal referência da vila é o Almeidas Pousada e Restaurante, que dispõe de quartos limpos com banheiro e café da manhã.

A pousada está localizada na Rua Santa Emília, a poucos metros da praia.

Onde comer em São Roque do Paraguaçu

A melhor opção gastronômica de São Roque do Paraguaçu está na Enseada, onde é possível encontrar algumas barracas de praia e o já citado restaurante Cantinho do Painho.

A vila possui mercadinhos e lanchonetes, bem como sorveterias e açaiterias.

Como chegar em São Roque do Paraguaçu

Atravessando a Baía de Todos os Santos pelo ferry boat, São Roque do Paraguaçu está a aproximadamente 69 quilômetros do Terminal Marítimo Bom Despacho na Ilha de Itaparica. 

Para chegar até lá de carro, são dois caminhos: o primeiro segue pelas rodovias BA-001 e BR-420 via Ponta do Leone. O segundo, pela BA-001 e BR-534, passando por Cações, Mutá, Encarnação, Salinas da Margarida e Barra do Paraguaçu, que aumenta um pouco o percurso, porém oferece uma diversidade de lugares praianos belíssimos para conhecer no caminho.

Para quem vai de ônibus, a empresa Cidade Sol atualmente dispõe de quatro horários para Maragogipe: 07:00, 09:00, 12:30 e 17:00, para viagens que duram cerca de três horas e meia. Tais linhas passam na entrada de São Roque do Paraguaçu, que fica 35 quilômetros antes de Maragogipe.

Outra alternativa é contratar um transfer de uma agência confiável, que poderá ir ao seu encontro onde estiver hospedado, e realizar a viagem com todo o conforto de automóveis novos e climatizados. 

Vale lembrar também que esta opção de transporte costuma ser mais segura, sendo guiada por motoristas profissionais especializados em turismo e conhecedores das rodovias baianas.

Já que você chegou até aqui e descobriu as principais informações sobre São Roque do Paraguaçu, conheça também a cidade sede de Maragogipe, um destino histórico e recheado de belezas naturais.

Por Márcio Vasconcelos de O. Torres

Historiador e viajante - marciotorresbb@gmail.com